quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Michel Houellebecq diz que "nada será como antes na França" após atentado terrorista islâmico


Autor de um recém-lançado romance satírico a respeito do Islã, "Submission", que pinta uma assustadora França governada por uma facção muçulmana fictícia em 2022, o escritor francês Michel Houellebecq disse ver o atentato terrorista à revista Charlie Hebdo como uma fratura na história francesa. "Nada mais será como antes", disse Houellebecq, que chegou a sair de Paris e evitar a imprensa após o ataque do dia 7. "Submission", que se tornou ainda mais controverso depois da tragédia, deve sair no Brasil como "Submissão", pela Alfaguara, ainda este ano. Na entrevista, concedida ao jornal italiano Il Corriere della Sera por ocasião do lançamento do romance na Itália, o escritor admitiu se ver como um "irresponsável", mas disse considerar a condição essencial para criar. "Sim, eu sou um irresponsável, assumo. Se não fosse assim, eu não poderia continuar escrevendo", disse. Houellebecq, porém, não é insensato como diz. Ele decidiu suspender a promoção do romance na França depois do ataque ao Charlie Hebdo, que trazia seu livro na capa em sua última edição antes do atentado.  Sobre a capa do jornal esta semana, em que se vê uma charge com o poeta Maomé choroso, Michel Houellebecq se mostrou favorável: "Uma decisão justa. É justo continuar fiel à sua linha". O escritor ainda negou as acusações de que seu livro seja islamofóbico e reconheceu que mudou de idéia a respeito do Islã, que em 2001 chamou de "religião estúpida". "Voltei a ler o Corão. Um leitor honesto do livro sagrado não conclui que devemos sair e matar crianças judias. Por nada", disse ele: "O problema é que o Islã não tem um líder como o Papa para a Igreja Católica, que indica o caminho a ser seguido".

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