terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A camiseta de Lula com os Irmãos Metralha é falsa. Mas o termo “petralha” é mais verdadeiro do que nunca

Caros, leitores aos montes me enviam esta imagem, em que um Lula dos fim dos anos 70 aparece com os Irmãos Metralha na camiseta. Como criei o termo “petralha”, que funde “petista” com “metralha”, acreditam que estamos diante de um achado.

lula metralha
Pois é. Seria coincidência demais para ser verdade. Ocorre que a imagem acima é uma montagem. A original é esta aqui, ó.
lula metralha original
A personagem que está na camiseta do “companheiro” é “João Ferrador”, uma personagem criada pelo jornal “Tribuna Metalúrgica”, em 1972, no então Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, para simbolizar as reivindicações dos trabalhadores.
Em 1972, Lula era primeiro-secretário do sindicato e integrava o grupo que não queria papo com a esquerda. Os comunistas acusavam a patota à qual ele pertencia de ligações com o SNI (Serviço Nacional de Informações).
Lula só se tornou presidente da entidade em 1975. E, reitero, sem querer papo com os comunas. Ainda em 1979, numa entrevista à revista Playboy, ele esculhambou os estudantes de esquerda que se metiam com os sindicalistas — eu, por exemplo (risos). Já naquele tempo, eu não ia com a cara dele… Aliás, nessa entrevista de 1979, ele disse as figuras políticas que ele admirava: Hitler, Aiatolá Khomeini, Mao Tse-Tung, Fidel Castro… Revela ainda sua iniciação sexual com os bichos e diz que “pegava” as viúvas dos companheiros que iam resolver suas pendências previdenciárias no sindicato. O sujeito só sobreviveu politicamente porque e uma criação da imprensa — que hoje ele adoraria censurar.
Mas volto ao ponto. Quando Lula se aproxima da esquerda — especialmente da esquerda católica —, o João Ferrador deixa de ser apenas o símbolo da reivindicação trabalhista e passa a assumir um sotaque também político. Na camiseta de Lula, o balãozinho diz o seguinte: “Hoje eu não tou bom”. A foto é de 1982. Nesse tempo, ele já era o chefão do PT e continuava a liderar greves. Já começava a mistura insana de carne com leite. E o resto é história.
Nota para encerrar. Há, além da história, a sociologia. No fim da década de 70, um sindicalista barbudo jamais andaria com uma personagem de Walt Disney na camiseta. Além de não pertencer à cultura média operária, não seria considerado, digamos, “macho” o bastante. Tudo esclarecido? Por Reinaldo Azevedo 

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