quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Chegamos ao fundo do buraco, Beija-Flor vence o carnaval do Rio de Janeiro homenageando a Guiné Equatorial e a África, bancada por um ditador africano


Com um enredo que saudou a sangrenta ditadura africana da Guiné Equatorial, a Beija-Flor venceu o Carnaval deste ano no Rio de Janeiro. Foi o 13º título da agremiação de Nilópolis, uma das mais tradicionais do Estado, que amargava um jejum de quatro anos sem vitória. Numa disputa apertada, a escola terminou com 239,9 pontos, três décimos à frente do Salgueiro (239,6). A Viradouro foi rebaixada para a divisão de acesso. O título deste ano foi conquistado com o apoio do ditador da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que está há 35 anos no poder e é acusado pela ONG Anistia Internacional de brutais violações de direitos humanos, com tortura e morte de opositores. Mbasogo é apontado como financiador do samba-enredo da escola azul e branco, batizado Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade. O ditador colocou 10 milhões de reais na Beija-Flor.


Uma comitiva de 40 autoridades do país africano esteve na Marquês de Sapucaí para a segunda noite de desfiles – e não economizou no luxo. Liderado pelo filho de Mbasogo, o vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodorín Obiang, o grupo reservou os dois últimos andares do Copacabana Palace, o mais caro do Rio de Janeiro. Mbasogo também acompanhou o desfile. A temática africana é recorrente na história de vitórias da Beija-Flor, que levou o título em 2007 com o samba-enredo Áfricas: do Berço Real à Corte Brasiliana. Em 1983 e em 1978, sob a batuta do carnavalesco Joãozinho Trinta, a escola venceu com os enredo A Grande Constelação das Estrelas Negras e A Criação do Mundo na Tradição Nagô, respectivamente. Mbasogo comanda o país desde 1979, quando tomou o poder por meio de um golpe de Estado. Desde então, ele pôs a principal riqueza do país, a indústria petrolífera, a serviço do próprio enriquecimento. Seguindo o padrão de regimes tirânicos, a Guiné Equatorial se apresenta como democracia constitucional, mas as eleições realizadas no país são marcadas pela fraude, como demonstram os resultados: no pleito de 2009, Mbasogo venceu com 95,8% dos votos. A riqueza oriunda do petróleo, que encheu os cofres do governo, obviamente não foi destinada a melhorar a vida da população. Vários programas de auxílio ao país que eram mantidos pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional foram cortados no início da década de 1990 devido à corrupção e má gestão. Para assumir o poder, Mgasogo passou por cima do tio Francisco Macias Nguema. Da independência, em 1968 até sua derrubada, em 1979, ele espalhou o terror no país, ordenou o assassinato de milhares de opositores e forçou um terço da população a fugir do país. Quando passou a comandar a Guiné Equatorial, Mgasogo promoveu um julgamento sumário do tio e mandou executá-lo. Em 2003, o ditador declarou oficialmente ter conexões permanentes com Deus, o que lhe permitia matar qualquer pessoa que quisesse, sem dar explicações para ninguém – e sem ir para o inferno. É um crápula deste tamanho que o carnaval do Rio de Janeiro incensa. O regime petralha, de fato, contamina tudo. 

Um comentário:

Ricardo Lisboa Fotografia disse...

O existe mais vergonha na cara dos governantes e da sociedade brasileira.O PT está transformando esse país em um lixo e seu povo em uma patuleia.