terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Ditadura da Venezuela ocupa lojas de rede de supermercado

As 36 lojas da rede privada de supermercados Dia a Dia, uma das mais conhecidas da Venezuela, amanheceram nesta terça-feira sob ocupação e controle das autoridades da ditadura venezuelana. A medida atende ordens anunciadas na noite anterior pelo ditador Nicolás Maduro, que diz ser vítima de uma "guerra econômica" na qual empresários conspiram para criar enormes filas no comércio e jogar a população contra o governo.
 

Em uma das lojas da rede Dia a Dia do centro de Caracas funcionários de órgãos estatais monitoravam o acesso à loja e coordenavam a organização dos produtos nas gôndolas. Havia representantes do Ministério da Alimentação, da Superintendência de Preços Justos, da Fundação Programa de Alimentos Estratégicos e da Presidência da República. Todos eram identificados com bonés ou jalecos vermelhos típicos do governo socialista fundado em 1999 pelo então presidente Hugo Chávez, antecessor de Maduro. A presença de soldados armados no supermercado não era novidade em si, já que o governo há meses impõe controle militar no comércio em caso de distúrbios decorrentes da irritação nas filas. Em um reflexo típico da Venezuela atual, a falta de fila na entrada da loja evidenciava a falta dos produtos mais buscados pela população. "Não tem sabão, não tem leite, não tem papel higiênico", resmungava uma senhora, indo embora após perguntar na entrada. Funcionários do governo anunciavam aos clientes a chegada, nas horas seguintes, de dois caminhões carregados de mercadoria. Os poucos clientes no local estavam divididos sobre a ocupação do supermercado. "Isto não resolve nada. Quero ver se o governo também vai chegar para botar ordem nos mercados estatais, que são puro caos", disse o comerciante Emiliano Vargas. O tenente-coronel Leonardo Rodriguez Garban, inspetor da Presidência da República, disse que o governo está "servindo o povo": "A população quer abundância, quer prateleiras transbordando de produtos, é isso que vamos providenciar". O ditador Maduro também ordenou no fim de semana a detenção dos donas das farmácias privadas Farmatodo. Economistas dizem que o aumento do controle do Estado sobre as redes de distribuição e venda só pior o problema da escassez. O desabastecimento é causado por um misto de fatores estruturais. Um deles é a baixa produção nacional, causada em parte por repetidos ataques do governo contra o setor produtivo. Outro é a queda das importações, reflexo do declínio da arrecadação petroleira por causa da degringolada dos preços globais do barril.

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