terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Duque de volta ao noticiário. Ou: Eis a personagem que evidencia que o petrolão é, sim, uma roubalheira, mas que seu centro é a política

Uma personagem volta para o centro do escândalo do Petrolão. Segundo informa o jornal O Globo, Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, dono da Toyo Setal e um dos delatores do Petrolão, entregou à Polícia Federal contratos e notas fiscais que comprovariam o pagamento de propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, apontado como o operador do PT no esquema de corrupção.

Muito bem! Segundo Paulo Roberto Costa, Duque era o homem do PT na Petrobras. Ele foi indicado para o cargo, como é sabido, por José Dirceu. Um então subordinado ao ex-diretor, Pedro Barusco, também ligado à legenda, aceitou devolver nada menos de US$ 97 milhões, depositados em contas no Exterior. O dinheiro estava lá parado. Não estava investido em lugar nenhum. É preciso ser muito crédulo para considerar que um funcionário de escalão intermediário, com poder de decisão muito limitado, conseguiria amealhar em propina nesse montante, deixando o dinheiro congelado em contas secretas.
Pois bem: em seu depoimento, Mendonça Neto diz, como informa O Globo, que o pagamento a Duque foi feito por intermédio de contratos de serviços e consultorias fictícios realizados pelas empresas Power To Tem Engenharia, Legend Engenheiros Associados, Rock Star Marketing, SM Terraplenagem e Soterra Terraplenagem. Os pagamentos foram efetuados entre 2009 e 2012 e somam R$ 40 milhões. Duque nega todas as acusações. Preso pela operação Lava Jato, ele foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo ministro Teori Zavascki.
Duque, entendo, pode ser o homem-chave para entender o que está em curso. Será que ele e Barusco, seu subordinado, sendo quem eram, estavam apenas de olho do enriquecimento pessoal? A minha hipótese é que essas duas personagens nos remetem para o centro da questão: o petrolão é uma roubalheira, sim, mas que sempre teve um eixo: a política. Por Reinaldo Azevedo

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