quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Ex-deputado mineiro Vittorio Medioli, comandante do poderoso cartel dos cegonheiros, é condenado por lavagem de US$ 3,8 bilhões no processo do Banestado



O empresário e ex-deputado federal Vittorio Medioli, de 63 anos, foi condenado a cinco anos e cinco meses de prisão por crime contra o sistema financeiro. O ex-parlamentar foi um dos alvos da Operação Farol da Colina, realizada pela Polícia Federal para desbaratar um esquema por meio do qual foram enviados ilegalmente mais de US$ 3 bilhões para o Exterior com uso da Beacon Hill Service Corporation. A sentença contra Medioli foi expedida pela Justiça Federal em Minas Gerais no último dia 28 e divulgada na segunda-feira, 2, pelo Ministério Público Federal, que informou ter recorrido da decisão. A Procuradoria da República solicita ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região o aumento da pena para “patamares próximos ao máximo”. O acusado foi condenado a três anos e um mês de prisão pelo crime de evasão de divisas e a dois anos e quatro meses de prisão por “manutenção clandestina de depósitos” no Exterior. A lei prevê penas de até seis anos de prisão para cada um dos crimes. Segundo o Ministério Público Federal, as operações pelas quais Medioli foi acusado foram realizadas em 2002 e totalizaram US$ 595 mil, equivalentes a cerca de R$ 3,8 milhões em valores corrigidos. De acordo com as investigações, o então deputado federal teria entregue a quantia a um doleiro brasileiro, que a enviou para uma conta do empresário na Suíça por meio da subconta Monte Vista, mantida pela Beacon Hill na agência do Banestado em Nova York. Na denúncia, o Ministério Público acusou Medioli de efetuar “operação de câmbio não autorizada, com o fim de promover evasão de divisas” e também de manter “depósito de quantias no Exterior sem informá-lo às autoridades competentes”. Proprietário da Sempre Editoria, que publica os jornais O Tempo e Super Notícia, e do grupo Sada, entre outras empresas, Medioli alegou em sua defesa que não sabia sobre o envio de recursos para o Exterior, assim como sobre o depósito em banco suíço. Mas fez retificação de declaração de renda para informar sobre a conta.”Não se revela crível que recursos dessa monta tenham sido enviados e mantidos em conta no Exterior de titularidade do acusado a sua revelia”, afirmou a juíza Rogéria Maria Castro Debelli, da 4ª Vara Federal de Belo Horizonte. Para a magistrada, o empresário “não só detinha pleno conhecimento de sua existência (conta), mas também dos mecanismos de abastecimento dela”. “As consequências do crime são graves, tendo em vista que os fatos ora julgados integram-se a um esquema de evasão, sonegação e lavagem de capitais, operacionalizados por intermédio da empresa Beacon Hill Corporation, para o qual o acusado emprestou colaboração, disponibilizando para evasão do País e custódia no exterior, recursos financeiros vultosos”, afirmou a juíza. A Beacon Hill era uma espécie de conta-ônibus, que abrigava diversas subcontas usadas para enviar recursos ilegalmente para o Exterior, descoberta pelo então promotor de Manhattan, Robert Morgenthau. As investigações no Brasil ficaram a cargo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banestado, que deu origem à operação Farol da Colina. Nessa CPI, o relator era o deputado federal petista José Mentor. A CPI recebeu cópia integral das investigações de Nova York, com os nomes e números de contas em Nova York, bem como valores transferidos. O arquivo não chegou a ser aberto pela CPI e está até hoje depositado no cofre forte do Congresso Nacional. Mas a petralhada soube fazer um uso muito malandro desses conhecimentos. O deputado Meddioli é um imigrante italiano que comanda no Brasil o cartel dos cegonheiros, os transportadores de veículos novos das montadoras. É um gigantesco cartel, no qual o CADE, a Polícia Federal e Ministério Público Federal não ousaram meter o nariz até hoje. 

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