quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Presidente da Câmara assina criação de nova CPI para investigar Petrobras

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assinou nesta quinta-feira (5) o ato de criação de uma nova CPI na casa para investigar as irregularidades na Petrobras. O próximo passo será a indicação dos membros pelos partidos, seguida pelo agendamento da sessão de instalação da comissão. A CPI terá 27 integrantes e será dominada pela base governista, que vive um momento delicado com o Palácio do Planalto, após ter imposto uma derrota histórica ao governo com a eleição de Eduardo Cunha. Os partidos que apoiaram a eleição de Cunha terão 11 vagas, sendo que neste grupo há partidos governistas e oposicionistas. O bloco do PT, que reúne PSD, PR e Pros, ficarão com oito vagas. PSDB, PSB, PPS e PV terão direito a seis indicações. O PDT, que não fez aliança para a disputa do comando da Casa, ficará com uma vaga. Há ainda uma vaga de rodízio reservada para partidos nanicos. O PMDB e o PT, as maiores bancadas, devem disputar o comando da CPI –sendo que cada um terá três vagas. O presidente da Câmara afirmou que o PMDB tem preferência para escolher entre a presidência e a relatoria da CPI. A relatoria é o cargo mais cobiçado porque dá o ritmo das investigações e tem a atribuição de apresentar o relatório final. Eduardo Cunha, no entanto, disse não acreditar em um novo embate entre PT e PMDB pela direção dos trabalhos. O peemedebista afirmou ainda que os partidos terão até a próxima semana para indicar os integrantes da comissão, que passará a funcionar depois do Carnaval. Questionado sobre a crítica do ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais)de que as CPIs perderam protagonismo, Cunha evitou um embate, mas defendeu que há apoio partidário para a criação: "A crítica é dirigida aos 182 parlamentares que assinaram a CPI. Não é dirigida a mim". O governo é contrário a uma nova apuração sobre irregularidades na estatal, pois acredita que isso poderia ampliar o desgaste da empresa e do Planalto, além de ainda servir de palco para a oposição. Assistiu, porém, a 52 deputados governistas viabilizarem o pedido para a CPI, ao lado da oposição. Ao todo, 182 deputados assinaram o requerimento. Para a comissão ser viabilizada, são necessárias 171 assinaturas. 


A nova traição partiu de deputados de oito partidos com representantes no primeiro escalão da presidente Dilma Rousseff. Além dos oposicionistas, parlamentares do PDT (14), PSD (12), PMDB (10), PR (7), PP (5), PRB (2), PTB (1) e Pros (1) assinaram o requerimento. Nesta quarta-feira (4), Eduardo Cunha afirmou que a saída da diretoria da Petrobras, acertada para a sexta (6), era necessária para a empresa passar por "oxigenação", ganhar a credibilidade do mercado e sair das páginas policiais". O peemedebista disse ainda que a Petrobras é "um assunto hoje que precisa ser passado a limpo" e que a avaliação não se tratava especificamente da presidente da estatal, Graça Foster. "Não que se tenha nenhuma queixa ou culpa a ex-presidente Graça Foster, mas que ela (a estatal) precisava ter uma oxigenação para ganhar a credibilidade do mercado e sair das páginas policiais não há a menor dúvida", afirmou. A CPI tende a ser um dos assuntos discutidos na reunião que o deputado deve ter nesta quinta com Dilma, seu vice, Michel Temer (PMDB), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Na eleição de Eduardo Cunha para o comando na Câmara, há consenso que dissidências no PR, PDT e PSD ajudaram a impor a derrota ao Planalto. Governistas dizem que o movimento em siglas da base foi motivado para pressionar o governo sobre demandas para indicação de aliados em cargos do segundo escalão. 

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