quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Renan Calheiros coloca um fiel aliado no comando do Conselho de Ética do Senado; por que será?

O PMDB escalou um fiel aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para assumir o comando do Conselho de Ética da Casa. O órgão, responsável por julgar a conduta parlamentar dos senadores, vai ser presidido nos próximos dois anos por João Alberto Souza (PMDB-MA). O peemedebista já presidiu o conselho por quatro vezes e estava no comando do colegiado na última legislatura do Congresso, que terminou em janeiro deste ano. Coube ao senador arquivar processos, em 2010, na época do escândalo dos atos secretos – em que medidas administrativas tomadas pelo Senado não eram publicadas oficialmente. João Alberto é aliado de Sarney, que é do grupo político de Renan Calheiros. Será o seu quinto mandato à frente do conselho. O peemedebista deve ser eleito para o cargo depois do carnaval. Oficialmente, o PMDB afirma que João Alberto vai assumir o conselho por ter sido o único membro do partido disposto a comandar o órgão. Nos bastidores, senadores peemedebistas admitem que a escolha pode beneficiar Renan Calheiros futuramente. O nome do presidente do Senado estaria na lista dos políticos citados na Operação Lava Jato, que desmontou um esquema de corrupção na Petrobras. A Justiça não confirmou oficialmente o envolvimento de nenhum político, mas os nomes devem ser revelados ainda este mês quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, oferecer denúncia contra o chamado "núcleo político" da Lava Jato. Se Renan Calheiros tiver que responder a eventuais processos por quebra de decoro parlamentar, aliados do peemedebista afirmam que ele terá no comando do conselho um nome de sua confiança. Líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE) nega que a escolha de João Alberto tenha como objetivo blindar Renan. "A presidência do conselho cabe ao PMDB por ser a maior bancada do Senado. Todos os senadores do PMDB são aliados [do Renan]. O João Alberto já demonstrou ser homem de muita firmeza em suas convicções", afirmou Eunício. O líder peemedebista disse que qualquer nome indicado pela sigla seria acusado de beneficiar Renan, o que não vai acontecer na prática. "Eu não conheço nenhum episódio da Lava Jato. O lugar é do PMDB. Até agora, só apareceu o nome do senador João Alberto. O conselho é um lugar difícil, onde se julga companheiros", afirmou o senador. João Alberto assumiu o Conselho de Ética pela primeira vez em 2000, quando votou contra a cassação de Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou ao cargo de senador para não perder os seus direitos políticos. Logo em seguida, foi reeleito. Em 2011, se elegeu pela terceira vez para o comando do conselho. O mesmo cenário se repetiu em 2013, quando novamente foi escolhido presidente do colegiado.

Nenhum comentário: