segunda-feira, 16 de março de 2015

A morte de uma grande senhora brasileira, Therezinha Zerbini, a grande líder da campanha pela anistia no Brasil

Durante o período da ditadura militar, Therezinha Zerbini demonstrou força e coragem em várias situações difíceis. Funcionária dos Correios, casada com um militar, general Euryale de Jesus Zerbini, um dos quatro generais que resistiram à deposição de João Goulart e foi cassado pela ditadura, Therezinha abrigou e cuidou de estudantes feridos pela polícia em sua casa, no Pacaembu, em São Paulo. Durante os anos de repressão política, ajudou a levantar recursos para auxiliar quem estivesse clandestino no País. Por causa do seu envolvimento com a defesa dos direitos humanos, foi presa pela Operação Bandeirantes, sob a alegação de ter dado apoio ao Frei Tito, amigo de sua família, para que conseguisse usar o sítio em Ibiúna para a realização do Congresso da UNE em 1968, de onde centenas de estudantes saíram presos. Respondeu a inquérito policial militar e foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional. Ficou oito meses detida e neste período conviveu com a hoje presidente Dilma Rousseff. Em 1975, Therezinha Zerbini, uma católica fervorosa, criou o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), que passou a liderar a luta pela redemocratização do Brasil. Foi cunhada do cardiologista Euryclides Zerbini. Therezinha morreu neste sábado, aos 87 anos. Após velório no Cemitério do Araçá, seu corpo foi levado para o Crematório da Vila Alpina. Therezinha Zerbini tem um papel central na história política brasileira. Sua atividade em prol da Anistia criou as condições para o restabelecimento da paz social no Brasil. A Anistia, em 1979, criou a ponte para o novo pacto social, que selou a fundação da Nova República, em 1985. A Anistia foi o cimento necessário para a criação da Constituinte brasileira, que resultou na promulgação da Constituição em outubro de 1988. Antes mesmo da decretação da Anista, Therezinha Zerbini se engajou, em São Paulo, junto com o advogado e ex-deputado federal Euzébio Rocha (trabalhista, autor do projeto de lei de criação da Petrobras), com Ana Luisa Vianna e Marcio Wohlers de Almeida, no projeto de restauração do Partido Trabalhista Brasileiro. Ao perderem a sigla para Ivete Vargas, em uma manobra arquitetada pelo general Golberi do Couto e Silva, acompanharam Leonel Brizola na fundação do PDT (Partido Democrático Trabalhista). Dona Therezinha Zerbini foi uma senhora de grande dignidade pessoal e política, o que é uma raridade neste País. Tive a honra de ter convivido com esta grande dama, e rendo minhas homenagens à sua memória no dia de sua partida. 



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