terça-feira, 3 de março de 2015

“Andar de cima”, “andar de baixo”, arranca-rabo de classes, esquerdistas do privatismo e privatistas do estatismo. O Brasil, em suma, é uma zona!

Desde que Elio Gaspari resolveu resumir a luta de classes no Brasil a um problema de construção civil, as pessoas recorrem a esse “facilitário”, para empregar outro termo do gosto do colunista, para dizer bobagens sobre o arranca-rabo de classes no Brasil. Mesmo eu sendo um liberal, tenho algum respeito pela expressão “luta de classes”, que é algo mais complexa, na teoria esquerdopata, do que a baixaria que se vive por aqui.

Por que escrevo isso? A senadora petista Gleisi Hoffmann (PT-PR) diz que o governo quer taxar “o andar de cima” — vale dizer, arrecadar mais impostos dos “ricos”. Segundo informa Leonardo Souza, na Folha, “técnicos da Fazenda e do Planejamento ponderam a viabilidade de tributar lucros e dividendos, incluindo remessas para o Exterior, e criar impostos sobre heranças e grandes fortunas.”
É…
Com a devida vênia, Joaquim Levy está virando o Simão Bacamarte da economia, não é? Conhecem o conto “O Alienista”, de Machado de Assis? Não? Quanto tiverem tempo, está aqui. Bacamarte é o alienista, o médico de loucos, que resolve testar suas idéias sobre a doideira na cidade de Itaguaí. Os diagnosticados como malucos eram mandados para a “Casa Verde”, uma referência às janelas do hospício. Tudo parecia muito razoável no começo, não fosse o fato de que Bacamarte praticamente tentou internar a cidade inteira. Até que, bem…, ele se torna vítima de sua própria convicção, ainda que por caminhos machadianos. É preciso ler.
Levy parece estar fora do controle. Acho louvável o seu esforço para tentar arrumar as contas, mas algo está profundamente errado quando se propõe o fim da desoneração da folha de salários em período de desemprego crescente; quando se propõe tarifaço com a economia já em recessão; quando se propõe elevação de impostos com uma carga tributária já extorsiva, um conjunto que… aprofunda a recessão!!!
Segundo informa a Folha, “um dos cálculos feitos pelo governo estima em R$ 31 bilhões o potencial de arrecadação anual com a tributação de lucros e dividendos. O foco dessa medida são os empresários e acionistas, na pessoa física, remunerados por meio de distribuição de lucros – isenta de impostos”.
Quanto à tributação das grandes fortunas, dizer o quê? O PT manteve o controle da economia durante 12 anos e não teve coragem de implementar a medida. Parece que agora conta com o concurso de alguém com fama de liberal para implementar a proposta, né? O Brasil é mesmo curioso, e creiam, isto explica parte da nossa pindaíba: esquerdistas adoram recorrer a pistoleiros do capital para privatizar o estado, e liberais adoram recorrer ao estado para arrancar dinheiro da sociedade. Por Reinaldo Azevedo

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