terça-feira, 3 de março de 2015

Bancos credores da Sete Brasil se preparam para registrar brutal prejuízo


Os seis bancos que emprestaram quase 12 bilhões de reais à Sete Brasil, empresa envolvida na Operação Lava Jato, começam a se preocupar em como vão ajustar seus balanços para possíveis perdas. O empréstimo-ponte (de curto prazo) já está vencido e os bancos estão se vendo obrigados a rolar a dívida, pois mais da metade do valor emprestado à Sete não tem nenhuma garantia. A companhia foi criada para gerenciar a contratação de plataformas para exploração do pré-sal pela Petrobras e tem como sócias, em estaleiros contratados, empreiteiras investigadas pela Polícia Federal. Se Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú BBA, Santander e Standard Chartered exigirem o pagamento imediato, apenas 4,5 bilhões de reais têm garantias dadas pelo Fundo Garantidor da Construção Naval. A outra parte teria de ser tomada em ações da empresa, o que não é uma alternativa considerada pelos bancos. Isso porque, além de alguns deles já serem sócios da companhia, a Sete está em sérias dificuldades financeiras. Segundo nota oficial enviada pela Sete Brasil, todo o empréstimo-ponte venceu e a dívida está sendo rolada para abril. A Caixa Econômia Federal informou por nota que as "prorrogações de empréstimos-ponte são usuais por motivo de complexidade do fechamento de todos os detalhes dos empréstimos de longo prazo, sobretudo no setor de infraestrutura". Mas fontes de diversos bancos demonstraram preocupação com o financiamento. Um alto executivo disse que no sindicato dos bancos, muitos estão preocupados em como fazer as provisões para perdas com devedores duvidosos e alguns já estão fazendo a provisão. Neste cenário, toda a solução para o impasse com a Sete Brasil está nas mãos do BNDES, que se comprometeu a fazer o empréstimo de longo prazo, sob determinadas condições. A liberação dos recursos deveria ter ocorrido já no ano passado, mas os problemas com as investigações de corrupção na Petrobras acabaram afetando o negócio. A Petrobras é acionista da Sete e única cliente. No fim do ano passado, ameaçou cancelar sete contratos, o que segundo documentos da própria Sete quebrariam a empresa. Esse desacordo com a Petrobras acabou atrasando a assinatura do financiamento. O maior agravante da situação no entanto é o ex-diretor da estatal e da própria Sete, Pedro Barusco, ter feito um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato. Depois de várias negociações, e de a Petrobras ter voltado atrás e assinado todos os contratos, o BNDES finalmente assinaria o financiamento. Mas no dia da assinatura os termos do acordo de delação de Barusco vieram a público. A informação oficial da Sete Brasil é a de que a dívida está em rolagem para abril e que continua em busca da liberação do empréstimo de longo prazo do BNDES, que está aprovado desde 2013. Algumas fontes ligadas aos acionistas dizem, no entanto, que quase toda ela venceu em 18 de fevereiro e os bancos já concordaram em prolongar o pagamento por mais 120 dias.

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