domingo, 15 de março de 2015

Brasília reúne 50.000 em manifestação contra Dilma e tem até "cadeia do Janot"

A Polícia Militar estima que entre 45.000 e 50.000 pessoas se reuniram na manhã deste domingo na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para protestar contra o governo Dilma Rousseff. O grupo Vem Pra Rua, que organizou parte dos protestos, estimou o público em 70.000 pessoas. Se a presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT, foram os principais alvos de palavras de ordem, a classe política como um todo foi criticada. Por volta das 11h30, manifestantes ergueram para o público a representação de uma cela em cujas barras estavam fixadas fotos dos 34 deputados e senadores investigados por suspeita de terem embolsado propina da Petrobras. A "cadeia do Janot", em referência aos pedidos de investigação formulados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no último dia 6, foi recebida com aplausos e apitaço diante da rampa do Congresso. Em meio aos protestos, manifestantes fizeram homenagens a juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, ao procurador-geral e ao ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa. O protesto foi paralisado para que fosse rezado um "Pai Nosso" diante da Catedral de Brasília. Na sequência, foi cantado o Hino Nacional brasileiro. Convocada pelas redes sociais, a marcha em Brasília utilizou de ironia para criticar o discurso e o isolamento da presidente Dilma Rousseff. Depois de a petista ter culpado o governo Fernando Henrique Cardoso pelo atual escândalo de corrupção na Petrobras, manifestantes imprimiram adesivos resumindo o aparente "mundo paralelo" em que vive a presidente: "a culpa é das estrelas", estampavam nas camisetas, em referência ao símbolo do PT. Em cartazes, mais ataques contra a petista: "presidenta, respeite a 'pova'" ou "(sic) até quando a 'banDilma' abusará da nossa paciência?" As manifestações começaram pouco antes das 10h no Museu da República e chegaram ao Congresso Nacional. O grupo Vem Pra Rua fez um acordo com a Polícia Militar para retirar o principal carro de som do protesto por volta do meio-dia. Outros carros de som e um pequeno caminhão da Força Sindical se mantiveram na Esplanada. Entre os manifestantes, a pauta de reinvindicações abrangia desde a renúncia, o impeachment de Dilma até a intervenção militar no País. Para o organizador do Vem Pra Rua no Distrito Federal, Jeferson Banks, pautas controversas, como o afastamento da presidente, não foram defendidas abertamente pelo movimento no carro de som do protesto, embora a boa parte da população que ocupou a Esplanada dos Ministérios tenham se manifestado a favor do tema em cartazes e faixas. "Não era nossa pauta. A gente precisava construir um consenso sobre quais palavras de ordem dizer no caminhão de som. Temos várias posições diferentes, mas o acordo foi não mencionar, não defender o impeachment no carro de som", disse Banks. Diante dos ministérios e no gramado em frente ao Congresso Nacional, os cartazes eram, em sua maioria "contra a corrupção", mas também havia reclamações do risco de o Brasil "se tornar uma Venezuela", protestos contra o fato de o ministro José Dias Toffoli presidir futuramente a turma que julgará os políticos investigados na Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal e críticas à mudança de discurso da presidente, que durante as eleições disse que não alteraria os direitos trabalhistas, mas, reeleita, endureceu as regras para a concessão de seguro-desemprego e pensão por morte, por exemplo. "Sua vaca tossiu e foi para o brejo", dizia um dos cartazes. A PM montou quatro barreiras em frente ao espelho d'água para impedir que manifestantes chegassem próximo à sede do Legislativo. Ainda assim, um grupo de pessoas entrou na água com bandeiras e faixas de protesto, enquanto outros espalhavam pétalas de rosa no espelho d'água. Embora tenha sido um protesto pacífico, a Polícia Militar recolheu paus e fogos de artifício em poder dos manifestantes. A menos de dez quilômetros do protesto, a presidente Dilma Rousseff montou um gabinete de crise no Palácio da Alvorada para acompanhar os protestos em todo o País.​

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