segunda-feira, 23 de março de 2015

Delator diz que tesoureiro do PT era o portador das demandas de empreiteiras para a Petrobras



O ex-gerente de engenharia da Petrobras, Pedro José Barusco Filho, afirmou que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, costumava apresentar reivindicações de empreiteiras que mantinham contratos com a estatal, incluindo resolução de problemas envolvendo licitações, celebração de aditivos e inclusão na lista de empresas cadastradas na petroleira. O depoimento foi prestado no dia 12 de março e anexado aos autos da Operação Lava Jato nesta segunda-feira (23). Barusco deu novo depoimento prestado na Operação Lava Jato e reconheceu ter recebido pelo menos US$ 97 milhões em propinas em contas bancárias abertas em nome de suas empresas offshore no Exterior, dinheiro que se comprometeu a devolver à União. Segundo Barusco, os pedidos de Vaccari eram atendidos "dentro do possível, no limite dos procedimentos e requisitos técnicos da Petrobras". O ex-gerente afirmou que manteve com Vaccari cerca de uma reunião por mês entre meados de 2011 a meados de 2013, quase sempre acompanhados do diretor da área de serviços da Petrobras, o petista Renato Duque, indicado ao cargo pelo PT. As reuniões, segundo Barusco, ocorreram em diversos hotéis, como Ceasar Park, Sofitel Copacabana e Windsor Copacabana, no Rio de Janeiro, e Sofitel Sena Madureira, Transamérica Morumbi e Meliá da Alameda Santos, em São Paulo. Além de reivindicações das empreiteiras, segundo Barusco nas reuniões se discutia o andamento de projetos e contratos na Petrobras sobre os quais Vaccari tinha interesse em ter conhecimento. Outro tema central das reuniões era, ainda de acordo com o ex-gerente, "as divisões do pagamento de propina" relativas aos contratos das empresas de construção civil com a Petrobras. Ele disse que, depois de cada reunião, ia "buscar o operador que trabalhava com a empreiteira contratada". Barusco contou que as primeiras reuniões foram marcadas por Renato Duque, que depois agregou Vaccari às conversas. Os encontros eram agendados com antecedência por mensagens eletrônicas. O delator disse que utilizava na época, para esses encontros, pelo menos sete telefones celulares com prefixo do Rio de Janeiro. O ex-gerente voltou a reconhecer que recebeu propina acerca de um contrato fechado entre o estaleiro Kepell Fels e a empresa Sete Brasil. Os depósitos, disse, foram feitos pelo operador Zwi Zcornick em conta aberta pelo ex-gerente no banco Delta em Genebra, na Suíça. Barusco afirmou que "tem certeza que o valor destinado a João Vaccari foi pago, uma vez que somente passou a receber a sua parte após o faturamento do contrato ter ultrapassado o montante da propina destina a Vaccari". Segundo anotações entregues à Polícia Federal, Vaccari teria recebido US$ 4,5 milhões somente naquele contrato. O ex-gerente da Petrobras também deu mais um detalhe sobre as propinas que passou a receber em 1997 da empresa holandesa SBM. Segundo ele, o dinheiro lhe era entregue pelo operador Julio Faerman. Sem explicar o motivo, ele disse ainda acreditar que "a SBM não sabia deste pagamento".

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