terça-feira, 3 de março de 2015

Dólar comercial fecha a R$ 2,928 em acelera marcha para quebrar a barreira dos 3 reais e seguir em busca do patamar de 5 reais

O dólar comercial, usado nas transações com o Exterior, fechou cotado a R$ 2,928, o maior valor do ano, em um dia de preocupação com o futuro das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio. A visão corrente dos investidores é que o Banco Central deverá reduzir o volume de intervenções para conter a alta do dólar, deixando a moeda americana se apreciar um pouco mais nas próximas semanas. Até então, o mercado acreditava que o Banco Central não deixaria a moeda subir tanto devido a seus efeitos na inflação. Ao fim do pregão, o dólar comercial subiu 1,13%, e encerrou cotado a R$ 2,928, maior valor desde 2 de setembro de 2004, quando a moeda encerrou cotada a R$ 2,94. No entanto, atualizando os valores pelo IPCA (índice oficial de inflação) de janeiro, último dado disponível, o dólar daquela época seria hoje muito maior: R$ 5,13, segundo a consultoria Economática, O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,43%, a R$ 2,904, no maior valor desde 14 de setembro de 2004, quando fechou a R$ 2,913 (R$ 5,09 hoje, em valores corrigidos). Desde 30 de janeiro, quando o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que não manteria "artificialmente" a taxa de câmbio, o dólar já subiu 11%. No ano, a alta é de 9,67%. O principal instrumento do Banco Central para a alta do dólar é a venda de contratos que equivalem à compra de dólar no futuro, conhecido como swap cambial tradicional. Nessa operação, o Banco Central se compromete a pagar em reais a variação do dólar em uma determinada dada, geralmente o início do mês. Isso retira a pressão de alta do dólar nos mercados à vista e futuro. Se o Banco Central reduzir a oferta desses contratos, automaticamente, deixa de segurar as cotações. Na sexta-feira, o Banco Central anunciou um leilão desses instrumentos menor do que o habitual, sinalizando que só deve rolar em torno de 80% do total de US$ 9,964 bilhões de contratos existentes no mercado. "É uma primeira sinalização de que o Banco Central está testando o apetite do mercado em relação à política de rolagem. Dá sinais de que está começando a testar qual seria a reação da taxa de câmbio e do mercado com uma retirada de parte do programa, que ajuda a manter um controle do preço da moeda", afirma Fabiano Rufato, gerente-sênior da mesa de câmbio da Western Union. Além das dúvidas em torno do programa de intervenção do Banco Central, a possibilidade de o governo não conseguir aprovar no Congresso os ajustes fiscais que precisa fazer para resgatar a credibilidade do país preocupa os investidores. Em um esforço para sinalizar maior disposição de articulação com o Congresso, a presidente Dilma Rousseff deve receber os líderes da base aliada na Câmara até quinta-feira (5) em uma reunião para discutir a relação e avaliar os cenários econômico e político. O Planalto chamou os líderes numa mobilização para votar ainda nesta terça-feira (3) o Orçamento de 2015, que está pendente, e também para garantir a manutenção de vetos a projetos incômodos, com impacto nas contas públicas. 

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