segunda-feira, 30 de março de 2015

Em documento, PT diz ser "atacado por suas virtudes" e não cita o tesoureiro João Vaccari


Os 27 diretórios do PT aprovaram nesta segunda-feira em São Paulo, durante reunião com a presença do ex-presidente e alcaguete Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista, durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações"), um manifesto em que afirmam que o partido vem sendo sofrendo "por suas virtudes" e não por seus erros. O texto também compara o atual momento com o episódio em que a legenda foi responsabilizada pelo sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1989. No texto, muito cínico, os petistas defendem que sejam expulsos os filiados condenados em casos de corrupção, mas não se referem ao tesoureiro João Vaccari Neto, que não participou da reunião da direção do partido e que responde a processo por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Também não dizem nada sobre os bandidos petistas condenados no Mensalão do PT, que já foram saudados como "guerreiros do povo brasileiro". Publicamente, o ex-presidente e alcaguete Lula X9 defende Vaccari. O tesoureiro chegou a ser aplaudido em dois encontros do partido desde o final do ano, quando ficaram mais fortes as denúncias de sua participação em um esquema de distribuição de propinas a partidos políticos por parte de empresas contratadas pela Petrobras. Como resposta à crise, o PT propõe no manifesto aprovado hoje o aprofundamento da reforma agrária, o apoio à criação de um imposto sobre grandes fortunas e aprovação do projeto de lei que estabelece o direto de resposta nos meios de comunicação. "A campanha de agora é uma ofensiva de cerco e aniquilamento. Como já propuseram no passado, é preciso acabar com a nossa raça. Para isso, vale tudo. Inclusive criminalizar o PT, quem sabe até toda a esquerda e os movimentos sociais", diz o documento, que continua: "Condenam-nos não por nossos erros, que certamente ocorrem numa organização que reúne milhares de filiados. Perseguem-nos pelas nossas virtudes. Não suportam que o PT, em tão pouco tempo, tenha retirado da miséria extrema 36 milhões de brasileiros e brasileiras. Que nossos governos tenham possibilitado o ingresso de milhares de negros e pobres nas universidades". O texto destaca ainda que os "adversários são maus perdedores no jogo democrático e tentam agora reverter sem eleições o resultado eleitoral". "Querem fazer do PT bode expiatório da corrupção nacional e de dificuldades passageiras da economia", afirma outro trecho. Na chegada ao hotel onde se reúne a comissão executiva do PT, o assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio "Top Top" Garcia, afirmou que o partido enfrenta um cenário como se a oposição tivesse ganhado a eleição. "Nós estamos vivendo uma situação paradoxal. Ganhamos a eleição com uma narrativa que a campanha teve capacidade de fazer, a presidente Dilma Rousseff como candidata assumiu de forma muito corajosa, explícita. Pouco depois da sua eleição, passamos a viver uma situação como se quem tivesse ganhado fosse a oposição e não o governo. Esse é um tema sobre o qual temos que nos debruçar", afirmou o trotskista Garcia, principal executivo do Foro de São Paulo. 

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