domingo, 22 de março de 2015

Especialistas afirmam que o Brasil não escapa do racionamento de energia no regime petista

Apesar de o governo petista de Dilma Rousseff praticamente descartar um racionamento de energia neste ano, especialistas do setor afirmam que essa possibilidade existe, e não é remota. Dados do próprio ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) indicam a probabilidade de um racionamento. Simulação da consultoria Thymos, feita com dados do ONS, mostra que a chance haver um corte de 5% na carga é de 24%. "Mas os números do ONS são muito otimistas. Na nossa visão, há 60% de chance de um racionamento superior a 5%", diz João Carlos Mello, presidente da Thymos. A análise considera o quadro recessivo da economia: "Se o País estivesse crescendo, a situação seria ainda mais grave". A consultoria PSR estima um risco de racionamento de 95% para as regiões Sudeste e Sul. "Isso indica que, em pouquíssimos cenários hidrológicos, não seria preciso ter um corte na carga", diz Priscila Lino, consultora da PSR. A equipe da consultoria aponta que é necessário reduzir a demanda em 6% ante 2014 para chegar ao fim do ano com os reservatórios acima de 10%, nível considerado o mínimo adequado. Para o petista Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe-UFRJ, seria "prudente" se o racionamento já estivesse em vigor: "Temos mais um mês de chuvas. Se elas não forem abundantes, será necessário decretá-lo". Apesar das chuvas recentes, os reservatórios ainda estão muito baixos para essa época. Segundo o petista Pinguelli, o nível mínimo satisfatório é de 30% até o final de abril, quando começa o período seco. No Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do País, os reservatórios estavam em 24% da capacidade na quinta-feira (19). Em março de 2014, estava em 36%. Para que os reservatórios atinjam 30% em um mês, é preciso que as precipitações fiquem acima da média histórica – probabilidade remota, segundo climatologistas. "As chuvas devem ficar na média em abril, maio e junho. Não serão suficientes para reverter o quadro atual", afirma Bianca Lobo, meteorologista da Climatempo. O Ministério de Minas e Energia informou que "devido à grande variabilidade das afluências aos reservatórios no chamado 'período úmido', que vai de dezembro a abril, análises mais conclusivas sobre o sistema elétrico serão obtidas ao fim deste período". Além de torcer por chuvas acima da média, o governo aposta que a crise econômica e o tarifaço reduzirão o consumo de energia em 2015, evitando o racionamento e um maior desgaste político.

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