sexta-feira, 6 de março de 2015

Finanças da campanha da petista Dilma em 2010 serão investigadas

A Procuradoria-Geral da República argumentou que é impossível investigar a presidente Dilma Rousseff por "atos estranhos ao exercício de sua função", mas determinou a apuração sobre a arrecadação de recursos para sua campanha de 2010 no pedido de abertura de inquérito contra o ex-ministro Antonio Palocci (PT). O pedido foi remetido para a primeira instância da Justiça Federal em Curitiba, já que Palocci, que era coordenador da campanha de Dilma 2010 e depois seu ministro da Casa Civil, não tem foro privilegiado. "O Procurador-Geral da República requer a remessa do expediente à 13ª Vara Federal de Curitiba para que seja em mais detalhes apurada a conduta eventualmente praticada por Antônio Palocci", diz a petição. O nome de Dilma foi citado em um dos depoimentos do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público. Ele contou que foi procurado pelo doleiro Alberto Youssef em 2010. Na ocasião, segundo Paulo Roberto Costa, Youssef disse ter recebido um pedido de Palocci para que fossem doados R$ 2 milhões do caixa do PP, abastecido com recursos desviados da Petrobras, à campanha de Dilma. Paulo Roberto Costa admitiu ter autorizado a contribuição e relatou que, posteriormente, Youssef confirmou que repassou a quantia solicitada. Não esclareceu, no entanto, se o pedido foi feito por Palocci ou por um algum assessor dele. O doleiro, porém, desmentiu Paulo Roberto Costa, negando que Palocci tenha pleiteado a doação. Também beneficiado pela colaboração premiada, Youssef declarou "categoricamente que está afirmação (feita por Costa) não é verdadeira". Pelo entendimento da Procuradoria-Geral, a Constituição, no artigo 86, impede que Dilma seja investigada por atos praticados fora do exercício da Presidência. "O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções", diz a Constituição. "Significa que há total impossibilidade de investigação do presidente da República, na vigência de seu mandato, sobre atos estranhos ao exercício de suas funções", afirma a petição, assinada pelo procurador-geral Rodrigo Janot, que recomenda ao Supremo Tribunal Federal o arquivamento. A jurisprudência do STF citada por Janot, porém, indica que, quando sair do cargo, Dilma pode ser investigada por esses fatos. Ainda assim, a PGR determinou a remessa dos autos envolvendo Palocci à primeira instância da Justiça Federal em Curitiba, já que ele não possui foro privilegiado atualmente, mas não determinou expressamente a abertura de um inquérito –a investigação pode ocorrer inicialmente em um procedimento preliminar, para depois ser solicitada a abertura de inquérito.

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