domingo, 22 de março de 2015

JOSÉ DIRCEU RECEBIA PARTE DA PROPINA PAGA AO PT, AFIRMAM DELATORES DA UTC E CAMARGO CORREIA. VACCARI DESCONTAVA DA PRÓPRIA PROPINA OS VALORES PAGOS AO EX-PRESIDENTE DO PT

Um dos empreiteiros acusados de participar do esquema de corrupção descoberto na Petrobras afirmou a investigadores da Operação Lava Jato que pagamentos feitos à consultoria do ex-ministro e bandido petista mensaleiro José Dirceu eram parte da propina cobrada pelo esquema. Ricardo Pessoa, dono da UTC, e um diretor da Camargo Corrêa, ambos presos, fizeram a delação. Eles disseram que eram procurados pelo bandido petista mensaleiro José Dirceu. Vaccari Neto mandava descontar das suas próprias propinas o dinheiro sujo pago ao ex-presidente do PT e ex-ministro de Lula. Atualmente preso em Curitiba, o presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, disse que os pagamentos a José Dirceu eram descontados das comissões que sua empresa devia ao esquema, que correspondiam a 2% do valor de seus contratos na Petrobras. Um representante de outra empreiteira sob suspeita, a Camargo Corrêa, afirmou aos investigadores que a empresa decidiu contratar os serviços do bandido petista mensaleiro José Dirceu por temer que uma recusa prejudicasse seus negócios com a Petrobras. Os relatos dos empreiteiros, feitos durante reuniões com investigadores da Operação Lava Jato e não em depoimentos formais, chamaram atenção por revelar detalhes sobre a maneira como o ex-ministro se aproximou dos fornecedores da Petrobras. Homem forte do início do governo do ex-presidente e alcaguete Lula (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de reputações", José Dirceu caiu em meio ao escândalo do Mensalão do PT e foi condenado a dez anos de prisão no julgamento do caso. Ele hoje cumpre pena de prisão domiciliar, em Brasília. Detalhes sobre os negócios do ex-ministro como consultor foram revelados na semana passada, quando o juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato na Justiça Federal, divulgou um relatório da Receita Federal sobre a consultoria do bandido petista mensaleiro José Dirceu. O ex-ministro ganhou, como "consultor", R$ 29,2 milhões entre 2006 e 2013. Cerca de um terço do dinheiro entrou na sua conta no período em que ele estava sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal por seu envolvimento com o Mensalão do PT, entre 2012 e 2013. Empresas investigadas pela Lava Jato pagaram R$ 9,5 milhões pelos serviços da "consultoria" de José Dirceu, num período em que o diretor de Serviços da Petrobras era o petista Renato Duque, apontado como afilhado político de José Dirceu. Os empreiteiros ouvidos pelos investigadores da Lava Jato disseram que José Dirceu procurava empresas que tinham contratos na Petrobras para oferecer seus serviços sem fazer menção explícita às comissões do esquema na estatal. Segundo detalhou Pessoa, após a contratação de José Dirceu, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, autorizava que os valores pagos à "consultoria" do ex-ministro fossem descontados da propina devida pelas empresas que tinham negócios com a diretoria de Serviços.

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