terça-feira, 17 de março de 2015

José Fortunati anuncia seu licenciamento do PDT, é o primeiro passo para trocar de partido; ele já tinha entregue parte do governo ao PT


Em entrevista concedida nesta manhã, José Fortunati anunciou sua decisão de se licenciar do PDT - partido pelo qual se elegeu prefeito de Porto Alegre -, em caráter irrevogável, até o dia 31 de dezembro de 2016, quando se encerra seu mandato. Ele assegurou que, embora se sinta desobrigado a acatar as decisões do partido, sua atitude não ensejará qualquer mudança no secretariado. Entre as razões elencadas para a licença, a principal é a rebeldia da base trabalhista na Câmara de Vereadores, que não poucas vezes votou contra projetos importantes para a prefeitura. Sem citar nomes, ele deixou no ar que sua indignação não abrange toda a bancada e sugeriu que basta pesquisar o placar das últimas votações para identificar seus desafetos. É sabido que Fortunati e o vereador Dr. Thiago Duarte não têm boa relação, sobretudo depois que o parlamentar passou a pedir a cabeça do então secretário da Saúde, Carlos Casartelli. Mas não é o único. Sobre o futuro, ainda é incerto. Ele afirmou que não pretende filiar-se a qualquer outro partido, pelo menos até o final de seu mandato. De certo, mesmo, é que no PDT, ele não fica. Na realidade, Fortunati já vem em uma relação comprometida com o PT, seu antigo partido, ao qual entregou órgãos poderosíssimos da administração municipal, como a Secretaria da Fazenda e a Procempa (Companhia de Processamento de Dados). Ele também não pediu qualquer autorização do PDT para fazer esses acertos. E fez o acordão com o PT para escapar das denúncias de corrupção em sua administração, envolvida com muitos inquéritos de investigação. Com relação à sua mulher, a deputada estadual Regina Becker, ele adiantou que sua decisão não a afeta. Portanto, ela segue no partido. Soou como um recado à base aliada da prefeitura de Porto Alegre na Câmara de Vereadores a decisão anunciada nesta terça-feira por José Fortunati: o licenciamento do Partido Democrático Trabalhista (PDT) até o fim do seu mandato, em 31 de dezembro de 2016. Inconformado com a dissonância de colegas de partido em votações no Legislativa, o prefeito disse que a medida é irrevogável e garantiu que não irá se aproximar de qualquer legenda antes do término da gestão no Executivo municipal. Fortunati admitiu que já foi procurado por diferentes partidos. 
O que motivou a decisão de se licenciar do PDT?
É uma postura que venho refletindo há algum tempo. Infelizmente, a minha bancada na Câmara de Vereadores, de forma sistemática, tem feito uma oposição. Oposição aos projetos do governo, aos vetos que estão fundamentados, que acabou culminando com a decisão no dia de ontem (segunda-feira). Um projeto demagógico e populista que simplesmente coloca 14 áreas ocupadas na cidade, sem qualquer critério, áreas que foram invadidas, que estão em cima de lixões, que são alagadiças. Uma das áreas foi destinada para a construção de uma escola, de um centro comunitário e de um centro de saúde, uma outra área onde já existe projeto para construção do Minha Casa, Minha Vida, de zero até três salários mínimos. Nós colocamos isso para os vereadores, pedimos um prazo de quatro meses para que, efetivamente, pudéssemos realizar um estudo sobre as 14 áreas, destacando aquelas passíveis e aquelas não passíveis de tombamento através do Aeis (Área Especial de Interesse Social). Infelizmente, a minha bancada, com apenas um voto a favor do governo, acabou ajudando a derrubar o veto. Bom, isso torna insustentável a relação do prefeito com a sua bancada, com o seu partido. Dessa forma, estou me licenciando para que possa continuar administrando a cidade com aqueles que efetivamente estão interessados em pensar a cidade, não somente no pleito eleitoral do ano que vem. Ou seja, ele está completando a tarefa de transferência do poder para o PT.

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