domingo, 22 de março de 2015

Marina Silva diz que governo petista terá muita dificuldade "para sair do beco"

A ex-senadora Marina Silva, que ainda não conseguiu formar o seu partido, saiu das sombras e passou a se manifestar na medida em que desmancha o regime petista e o governo de Dilma Rousseff. Diz Marina Silva: "É evidente que a presidente, seu governo e os partidos que a apóiam terão muita dificuldade de sair do beco em que se meteram. O principal problema é que governo e o PT abandonaram a política como forma de negociar, dialogar, mobilizar e propor um projeto para o País. Não há um plano, e as dificuldades não são referentes à execução de um projeto. As crises são encaradas apenas como circunstâncias e momentos desfavoráveis que podem ser superados por estratégias de marketing, com o objetivo de recuperar a imagem, os índices de avaliação positiva nas pesquisas e a governabilidade. Isto é, as condições de se manter no poder. A permanência no poder a qualquer custo aprofunda a cultura do patrimonialismo, que retalha o Estado, suas instituições e orçamentos em feudos partidários, grupais ou até mesmo pessoais. A negociação, nesses termos, dissolveu o sentido público que ela poderia ter. Insistindo nesse sistema, qualquer ação do governo para sair da crise só faz aprofundá-la. Seria necessário dispor-se a uma mudança grande e verdadeira, não sei se a coalizão governista está disposta a tanto. Um dia desses vi uma charge muito expressiva - os humoristas sempre conseguem captar a essência da situação. Uma pessoa, numa tribuna, perguntava "quem quer mudança?", e todos na platéia levantavam a mão. Quando ele tornava a perguntar "quem quer mudar?", todo mundo ficava de cabeça baixa, com expressão desanimada". Marina Silva diz não se surpreender mais com as proezas do PT: "Eu me surpreendi em 2005, na denúncia do Mensalão. Agora, não temos mais o direito de estar surpresos. E, assim como a corrupção é inaceitável, também é inaceitável a idéia de que a causa justifica o uso de meios ilícitos. Essa idéia parece ter tomado conta de setores importantes do partido. Em muitos momentos, lideranças relevantes tentaram justificar a corrupção como parte intrínseca da luta pelo poder, quase se vangloriando de não ter usado a propina para enriquecimento individual. Essa visão destrói a política, pois busca naturalizar o que deve ser combatido e distorce a democracia, pois cada vez mais a causa se confunde com a manutenção do poder, encarado não mais como um instrumento para a transformação da sociedade mas como um fim em si mesmo".

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