segunda-feira, 16 de março de 2015

Ministro da Fazenda do petismo, Joaquim Levy, diz que ajuste fiscal não é "derrama de impostos"


Um dia após as manifestações que levaram, em estimativas modestas, 1,8 milhão de pessoas às ruas de todo o Brasil no domingo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, saiu em defesa do ajuste fiscal promovido pelo governo. Em reunião na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), nesta segunda-feira, o ministro disse que as reformas em curso não se tratam de uma "derrama de impostos", mas de uma adaptação de medidas implementadas no passado a uma nova conjuntura. "As medidas adotadas nada mais são do que ajustes a uma nova situação. Eliminar algumas ajudas, acomodações feitas em um período em que se estava falando em política anticíclica. Não havia uma presunção de existência desta política para sempre, porque são claramente insustentáveis do ponto de vista fiscal", justificou Levy. O encontro na ACSP, promovido pelo conselho de economia da entidade, teve como tema principal o ajuste fiscal e o crescimento econômico. Sem fazer referências às manifestações, o ministro iniciou sua fala ressaltando a importância do diálogo. Segundo ele, neste momento, "falar olho no olho é ainda mais fundamental". O ministro ainda voltou a endossar a tese governista, de que, com a retirada de estímulos às economias da China e dos Estados Unidos, a mudança do preço do petróleo e do câmbio, a conjuntura internacional mudou, forçando o Brasil a atualizar sua estratégia na área econômica. Segundo o ministro, isto é um fato e não uma desculpa da presidente Dilma Rousseff. Por diversas vezes, o ministro ressaltou a importância de se promover um ajuste fiscal rápido, claro, completo e corajoso. "Quanto mais rápido, é mais fácil e seguro de trabalhar e menos incerteza haverá. Quanto menor a incerteza, mais dá pra cada um tomar risco. Se sabemos qual é a regra do jogo, tomamos risco", disse. Levy ainda fez uma analogia à condução de uma embarcação, em que se é preciso limpar o convés, para depois levantar as velas e navegar, rumo a uma economia de mercado orientada em um cenário de estabilidade e confiança para a iniciativa privada. Sobre as mudanças em leis trabalhistas, Levy ressaltou que as medidas em análise pretendem reduzir a rotatividade, e não "tirar o direito de ninguém". "São medidas que objetivam a estimular a melhor oferta de trabalho. Mudanças estruturais, que são parte de uma agenda de crescimento. Melhorar a rotatividade ajuda o país a crescer", reforçou. O ministro também ressaltou que o governo tem cortado gastos não obrigatórios - que devem retornar aos níveis de 2003 - e que, até o momento, não foi criado nenhum imposto novo. "Mesmo a Cide está mais baixa do que já foi em outras épocas", exemplificou sobre o imposto que incide sobre a gasolina. Outros gastos, no entanto, escapam ao esforço do Executivo, reforçou Levy. Na conturbada relação com o Congresso, a quem Levy chamou de "sócio", o ministro disse que a estratégia deve ser de convencimento para dar cabo a medidas modulares, que, se não implantadas, trará consequências negativas ao ambiente de negócios no país. "O mercado mudou. Temos que olhar a longo prazo, temos que responder a uma situação de como a conjuntura está andando. O que estamos dialogando com o Congresso é tão simples quanto isso", disse. "Tudo precisa ser discutido com o Congresso, com os sócios. Cada um tem uma ideia. A gente vai ter que fazer um trabalho de convencimento para o nosso sócio, que essas medidas são modulares", afirmou. 

Nenhum comentário: