quarta-feira, 18 de março de 2015

Netanyahu vence eleições legislativas em Israel


O atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, saiu vitorioso das urnas. Com 99,5% das urnas apuradas, o partido direitista Likud, do premier conquistou 30 das 120 cadeiras do Knesset, seis a mais que a coalizão de centro-esquerda União Sionista, do líder da oposição Yitzhak Herzog. Em terceiro lugar, a grande surpresa dessas eleições: a Lista Árabe Unida (união dos quatro partidos árabes do país), que se tornou a terceira maior força política do país, abocanhando 14 cadeiras. Nas eleições de 2013, esses quatro partidos conseguiram, separados, 11. Foram auxiliados pelo alto percentual de comparecimento às urnas: 71,8%, o maior desde a década de 90. A minoria árabe-israelense (15% dos eleitores) compareceu mais do que antes: 68% em comparação com 54%, em 2013. "Contra todas as probabilidades, conseguimos uma vitória enorme!" — assegurou Netanyahu, certo de que continuará no poder: "Agora temos que formar um governo grande e estável que cuide da segurança de todos os cidadãos de Israel".


Para o premier, trata-se de uma façanha quase inacreditável. As últimas pesquisas eleitorais, davam a ele entre 21 e 22 cadeiras, quatro a menos do que Herzog. Em quatro dias, no entanto, Netanyahu fez uma “blitz midiática”, com entrevistas e aparições em todos os canais de TV e rádio, além de jornais impressos e internet. Fora isso, apelou para a extrema-direita com afirmações polêmicas como a de que não iria, se reeleito, aceitar a criação de um Estado palestino. Acabou “canibalizando” o partido de extrema-direita Casa Judaica, do ministro da Economia, Naftali Bennet, que caiu de 12 para 8 cadeiras. Já Herzog tentou afastar a sensação de derrota depois que as pesquisas eleitorais da semana passada davam a ele vantagem: "Saibam que realizamos uma conquista impressionante! Desde 1992, não chegávamos a um resultado como esse". Assim que os resultados das bocas de urna foram divulgados, Netanyahu e Herzog começaram a telefonar para possíveis aliados na tentativa de fechar alianças. Na matemática do sistema político israelense, só sobe ao poder o partido que reunir uma coalizão de 61 cadeiras no Knesset. O próximo passo será dado, como na tradição, pelo presidente Reuven Rivlin. Ele entrará em contato com os líderes de todas as bancadas eleitas para escutar deles quem indicam para o cargo de premier. Só então decidirá qual candidato terá a chance, primeiro, de tentar montar o mosaico do próximo governo. "Vamos ter um mês de negociações cansativas para a formação da coalizão. Netanyahu e Herzog estão fazendo caras e bocas, engajados numa guerra psicológica. Mas todos sabem que, no final das contas, vão acabar concordando em governar juntos", acredita o cientista político Mordechai Kedar, da Universidade Bar Ilan. Para o analista, os resultados estão longe de ser a palavra final. Partidos que receberam projeção de cinco cadeiras (caso do Meretz, de extrema-esquerda, e do Israel Nossa Casa, de extrema-direita), podem nem formar bancadas por não superar a cláusula de barreira. Já o ultraortodoxo Yahad, dissidência do tradicional Shas, pode conseguir entrar no Parlamento. Outra surpresa foi o recém-criado partido Kulanu (Todos Nós), com 10 cadeiras. Liderado pelo ex-ministro das Comunicações, Moshe Kahlon, dissidente do Likud e reverenciado por ter baixado o preço dos celulares, pode servir de fiel da balança. Ou se unir a Netanyahu e Herzog em um governo de união nacional. Outra legenda socioeconômica que se saiu bem foi o Yesh Atid (Há Futuro), do ex-ministro das Finanças, Yair Lapid, que diminuiu de 19 para 12 cadeiras, mas evitou uma queda maior. Durante todo o dia, os principais candidatos lutaram voto a voto. Para atrair mais votos direitistas, Netanyahu causou mal-estar quando publicou um vídeo em sua página do Facebook afirmando que os árabes estariam votando “em massa” e que isso seria um “perigo”: “O governo da direita está em perigo. Eleitores árabes estão indo em massa para as urnas. ONGs esquerdistas os estão levando com ônibus fretados”, escreveu, em tom dramático. O apelo foi criticado pelo parlamentar Dov Chanin, o único judeu a concorrer pela Lista Árabe Unida. Ele reclamou junto ao Comitê Central Eleitoral e exigiu que o vídeo saísse do ar. Ayman Oudeh, líder da legenda, preferiu dar um recado de leve: "Como todo cidadão árabe hoje no país, me emociono em votar e ser parte da História e desse momento decisivo que vai mudar de modo profundo as vidas dos cidadãos árabes". 

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