quinta-feira, 12 de março de 2015

Nisman estava ajoelhado ao ser baleado, afirma perícia independente


O promotor Alberto Nisman estava ajoelhado quando recebeu o tiro que o matou, aponta um novo fragmento do relatório de peritos contratados pela família do promotor divulgado nesta quinta-feira pelo jornal La Nación. O documento afirma ainda que havia outra pessoa atrás do procurador e que manchas foram lavadas no local. O corpo de Nisman foi encontrado no banheiro do apartamento em que morava, em Buenos Aires, no dia 18 de janeiro, dias depois de ele ter apresentado uma grave denúncia contra a presidente peronista populista Cristina Kirchner e vários apoiadores. E na véspera de detalhar as acusações em uma audiência no Congresso argentino. As condições em que morreu continuam nebulosas. Há uma semana, a juíza Sandra Arroyo Salgado, ex-mulher do promotor, afirmou que ele foi "vítima de homicídio, sem margem para dúvidas". A investigação oficial ainda não foi concluída. Os peritos contratados pela família trabalham com fotos, vídeos e visitas ao apartamento. Em sua descrição, o promotor estava ajoelhado diante da banheira, pois não havia marcas de golpes nas costas ou na cabeça, e o sangue encontrado no lavatório, à direita, veio de uma altura baixa, o que indica que a cabeça estava perto da pia. "A vítima tinha 1,82 de altura, muito provavelmente se encontrava em um plano inferior comparado ao atacante localizado atrás e à direita", afirma o documento, que também menciona a ausência de traços de pólvora nas mãos de Nisman, como estabelecido pela perícia oficial. Os peritos independentes afirmam que não encontrar "uma só partícula característica de chumbo, bário ou antimônio afasta a possibilidade de que alguma das mãos da vítima esteve perto da arma no momento de efetuar o disparo". O estudo adverte ainda que uma parte da mão direita do promotor, com a qual teria feito o disparo, estava limpa, e o único motivo para isso seria a presença de um "objeto na mão" cobrindo esta mão direita. O estudo traz informações divergentes das divulgadas oficialmente até agora. Como a ausência de provas sobre a presença de outras pessoas no local onde o corpo foi encontrado. E também a posição do corpo, encontrado caído de costas no piso, posição que só poderia ter sido alcançada com a ajuda de outra pessoa, segundo a nova perícia. Nisman investigava desde 2004 o atentado terrorista contra um centro judaico em Buenos Aires. Em janeiro, ele acusou Cristina, o chanceler Héctor Timmerman e outros apoiadores de terem acobertado a participação do Irã no ataque, que deixou 85 mortos em 1994. A denúncia não foi acatada pelo juiz Daniel Rafecas, mas o promotor Gerardo Pollicita, que levou adiante as acusações de Nisman adiante,recorreu da decisão.

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