sexta-feira, 13 de março de 2015

Petrobras procura credores para blindar eventual atraso no balanço

A diretoria da Petrobras iniciou uma rodada de negociações com seus principais credores sobre a possibilidade de adiar por seis meses o prazo para entrega de seu balanço, segundo integrantes da alta administração da companhia e banqueiros procurados pela estatal. Por contrato, bancos e detentores de títulos da dívida da empresa podem pedir o pagamento antecipado de seus empréstimos caso a companhia não divulgue o balanço do terceiro trimestre e o resultado anual de 2014 até o dia 31 de maio. Nas últimas semanas, cerca de 15 instituições foram procuradas pela estatal. O plano foi pensado para dar uma "margem de segurança" à Petrobras, que desde novembro adia a entrega dos resultados, enquanto tenta calcular os prejuízos causados pelo esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato. A prioridade da diretoria da estatal, comandada pelo petista Aldemir Bendine (o amigo da Val), ainda é entregar os resultados no prazo. Mas a empresa quer um acordo com os bancos para se proteger caso não consiga. Em troca do adiamento do prazo por seis meses, a Petrobras discute uma remuneração adicional aos bancos, que pode ser comissão ou juros mais altos que os fixados nos contratos de dívida. A estatal ainda está fazendo as contas para saber se vale a pena pagar por essa proteção. Esse tipo de negociação, conhecido no mercado como "consent solicitation", é muito usada nos Estados Unidos, onde estão alguns dos principais credores. Banqueiros dizem que o plano pode ser bem-sucedido, já que há oportunidade de ganho adicional. Além disso, eles reconhecem que a cobrança antecipada da dívida poderia ferir ainda mais a companhia. De acordo com a Moody´s, cerca de US$ 110 bilhões em dívidas, ou quase tudo que a empresa deve em dólar, podem ter seu vencimento antecipado caso a estatal não apresente o resultado anual até o final de maio. O prazo vence em 30 dia de abril, mas o contrato prevê 30 dias de tolerância. A idéia de buscar o prazo adicional surgiu ainda durante a gestão da petista Graça Foster. O ex-diretor financeiro, Almir Barbassa, havia levado o tema ao conselho de administração, que considerou "prudente" tomar a medida. O ex-executivo, contudo, não levou o plano adiante. Com a posse da atual diretoria, o novo diretor financeiro, Ivan Monteiro, colocou a ideia em prática. Bem relacionado, entrou em contato com os banqueiros mais próximos e escalou sua equipe para negociar com os demais.

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