terça-feira, 17 de março de 2015

Petrobras vai pôr à venda fatia de distribuidora, postos e termelétricas; é um feirão de saldo, uma verdadeira liquidação de ativos

A Petrobras já deu o pontapé inicial no plano para vender parte do seu patrimônio, com a definição do que será oferecido ao mercado e a contratação dos primeiros bancos encarregados de procurar compradores no Brasil e no Exterior. O pacote inclui usinas termelétricas, participações em distribuidoras de gás e em campos de petróleo, postos de gasolina no Exterior e uma fatia da Petrobras Distribuidora, dona da marca BR, a maior rede de postos do País. Acuada pela Operação Lava Jato e diante da desconfiança provocada por sua situação financeira, a Petrobras precisa de dinheiro para reduzir sua dívida e preservar o caixa. A estatal já comunicou ao mercado que espera conseguir US$ 13,7 bilhões com a venda de ativos. O momento, no entanto, não é o ideal: com a queda no preço do petróleo, caiu o valor de ativos de óleo e gás. A oferta de parte da Petrobras Distribuidora, rede com cerca de 7.500 postos no País, é considerada a mais interessante do bloco e foi entregue ao Bradesco BBI. O tamanho da fatia não foi definido. A idéia inicial era abrir o capital da empresa na Bolsa, mas o plano foi alterado por causa do momento de crise. Agora, a intenção da nova diretoria da Petrobras é trazer um sócio minoritário, com poderes para limpar a administração da empresa, que sofre influência política. Segundo investigações da Lava Jato, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) teria recebido propina para intermediar negócios na empresa. Um dos objetivos da Petrobras com a venda de ativos é focar sua atuação na exploração de petróleo, reduzindo a necessidade de investimentos em outras áreas. Por causa disso, a estatal vai reduzir ou até sair de dois segmentos: geração de energia em usinas termelétricas e distribuição de gás. A Petrobras é dona ou sócio de distribuidoras de gás em quase todos os Estados do País. Em boa parte, as parcerias são com governos estaduais, mas há sócios privados como a japonesa Mitsui. A estatal contratou o Itaú BBA para ajudá-la a definir como vender essa operação, em bloco ou fatiada, o que poderia atrair mais interessados. No ano passado, a empresa vendeu sua participação na Gasmig, em Minas Gerais, por R$ 600 milhões. No segmento de geração de energia, a Petrobras é dona de 21 termelétricas que foram adquiridas a partir do primeiro governo Lula. O mandato de venda também ficou com o Bradesco BBI. A maior parte dessas usinas foi construída no governo Fernando Henrique, para fazer frente ao apagão de 2001, e quase quebrou depois que a situação se normalizou. Hoje, as termelétricas são um bom negócio porque a seca em boa parte do País provocou uma explosão no preço da energia elétrica. No entanto, podem render menos quando a produção das hidrelétricas for restaurada. A oferta de algumas centenas de postos de gasolina na Argentina, Paraguai, Uruguai e Colômbia será feita pelo Itaú BBA. A estatal também procura sócios para alguns blocos de petróleo, o que reduziria sua necessidade de investimento. Está negociando o mandato de venda com bancos estrangeiros, como o Bank of America Merrill Lynch. 

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