segunda-feira, 9 de março de 2015

Renda dos brasileiros pode cair até 5% em 2015, prevêem economistas

Desemprego mais elevado, inflação estimada em 7,5% e dificuldades em reajustes nas negociações salariais devem provocar, em 2015, a maior redução no poder de compra dos trabalhadores desde 2002. Segundo economistas, após dez anos de aumentos, a renda deve experimentar a primeira queda real (descontada a inflação), que pode chegar a 5% este ano, nas estimativas mais pessimistas. Com isso, está perto do fim o período de ouro para as famílias brasileiras, que nos últimos anos impulsionaram o crescimento econômico por meio do consumo. "Com a ausência de crescimento econômico e com a inflação alta, o grande castigo virá pela queda no rendimento, o que complica ainda mais uma retomada do crescimento. A década de bonança acabou", afirma o economista Claudio Dedecca, da Unicamp. A renda média ainda deverá crescer nos dois primeiros trimestre deste ano, sob influência do aumento do salário mínimo. O movimento deverá ser revertido no segundo semestre. Já a renda deverá terminar o ano estável, nas estimativas - mais otimistas - do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). A renda das principais regiões metropolitanas brasileiras cresceu 33,1% acima da inflação desde 2004. A alta é considerada atípica por muitos, devido ao avanço prolongado do rendimento - o salário mínimo, por exemplo, subiu 76,54% desde 2002 -, e à aceleração dos preços dos alimentos abaixo da inflação média nos primeiros anos da década. Este ano, a alta de preços de tarifas, combustíveis e alimentos impõe um cenário bem mais desafiador. Essa composição atinge de forma mais direta trabalhadores com renda de até três salários mínimos. "Os grupos de renda média vão sofrer mais porque concentraram os maiores ganhos na última década e agora terão um maior efeito da alta da taxa de desemprego", afirma o economista José Marciso Camargo, da PUC-Rio. A queda real na renda, corroída pela inflação, deverá afetar os ganhos sociais obtidos nos últimos anos. A economista do Instituto de Estudos do Trabalho (Iets), Sonia Rocha, lembra que a alta da renda respondeu por 60% da redução da desigualdade do País entre 2003 e 2013. Agora, o cenário deverá mudar. "Havendo queda da renda do setor de serviços, que é o grande empregador de pessoas menos qualificadas, o impacto é certeiro sobre a pobreza e a desigualdade", diz ela. Que grande bidu esses economistas estão descobrindo agora. Isso já estava claro e plenamente previsível há no mínimo quatro anos. Mas, como os economistas, assim como os jornalistas, em sua maioria, são no mínimo filopetistas, não quiseram ver o que já era transparente. Preferiram esconder a realidade feia dos brasileiros. O resultado aí está. E é muito feio.

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