quarta-feira, 8 de abril de 2015

Abalada por escândalos, a presidente comunista chilena Michele Bachelet diz que não pensa em renunciar


A presidente comunista chilena Michelle Bachelet afirmou nesta quarta-feira que a delicada crise política enfrentada pelo país não a fará entregar o cargo. "Não pensei em renunciar e de maneira alguma pensarei em fazê-lo", disse a mandatária durante um encontro com correspondentes estrangeiros no Palácio de La Modena, sede da Presidência. Segundo o jornal espanhol El País, Bachelet abordou o assunto mesmo sem ter sido perguntada diretamente sobre a possibilidade de deixar o cargo. Para a presidente, uma ação dessa natureza seria uma "quebra institucional". Bachelet viu sua popularidade despencar após seu filho, Sebastián Dávalos, e sua nora, Natalia Compagnon, serem citados em um esquema de corrupção envolvendo irregularidades em um milionário negócio imobiliário. Dávalos e a muher teriam adquirido terrenos na região de O'Higgins, no centro do país, com um empréstimo facilitado pelo dono de um dos maiores bancos do Chile e, depois, vendido as propriedades por um valor maior. O empréstimo para a compra dos terrenos foi aprovado um dia depois que Bachelet ganhou o segundo turno das eleições presidenciais, em 15 de dezembro de 2013, quando Dávalos trabalhava na Caval, a companhia que recebeu o dinheiro. Ele é acusado de tráfico de influência e uso de informação privilegiada. Esta foi a primeira entrevista concedida por Bachelet desde fevereiro. Em março, uma enquete da empresa de consultoria Adimark registrou que a presidente possui apenas 31% de aceitação pública. Uma das principais incógnitas nas investigações do caso Dávalos diz respeito à possibilidade de Bachelet ter conhecimento dos negócios ilícitos mantidos por seu filho. Nesta quarta-feira, a presidente reforçou que só soube do caso por meio da imprensa. "A verdade é que não tive nenhum vínculo com nada daquilo. Nem com a reunião, nem com o negócio e nem com nada disso", declarou. A presidente socialista disse que não haverá interferência federal nas investigações e descartou acordos com partidos de centro-esquerda e direita para superar a crise institucional: "A minha popularidade não me interessa. Estou interessada no Chile", afirmou. Bachelet, no entanto, reconheceu que está preocupada com a imagem negativa que outros países poderão ter do Chile. Além do caso Dávalos, o país acompanha os desdobramentos do caso Penta, em que a ala política de direita e importantes empresários são investigados por financiamento irregular de campanha, e do caso Soquimich, que diz respeito a pagamentos irregulares feitos a diversos partidos do espectro político por uma mineradora administrada por Julio Ponce Lerou, ex-genro do ditador Augusto Pinochet.

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