quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ajuste fiscal do governo federal começa a paralisar obras

A Queiroz Galvão demitiu nesta quarta-feira cerca de 70 funcionários e colocou em aviso prévio mais de mil trabalhadores do Complexo Esportivo de Deodoro, que sediará 11 modalidades da Olimpíada no próximo ano. A obra teve início em 2014 e será convertida em um parque depois dos Jogos. Do total de trabalhadores avisados sobre o risco de demissão hoje, cerca de 500 têm de cumprir os 30 dias de aviso prévio previstos em lei e outros 500 foram comunicados informalmente, uma vez que estão em período de experiência e podem ser desligados mais rapidamente. Estes foram avisados nesta quarta-feira de que podem ser afastados já na próxima semana, se não houver perspectiva de pagamento. Responsável pela obra, a construtora vem sofrendo com atrasos em pagamentos devidos pela Prefeitura do Rio, que repassa recursos federais para o empreendimento. Segundo fontes do mercado, a Queiroz Galvão teria recebido no começo do ano um único pagamento de cerca de R$ 60 milhões, mas outros R$ 80 milhões já deveriam ter sido pagos à empresa desde o começo do ano por avanços na obra, com orçamento total de R$ 640 milhões. O ritmo do empreendimento está adequado para sua conclusão antes da Olimpíada, mas, se os pagamentos não forem colocados em dia até o fim de abril, os funcionários em aviso prévio poderão efetivamente ser dispensados a partir dos próximos dias, a começar por aqueles em experiência. Os mil trabalhadores informados hoje sobre a situação do consórcio, composto por Queiroz Galvão (99%) e OAS (1%) compõem praticamente 100% da mão de obra envolvida diretamente na construção do complexo. As demissões efetivas, portanto, colocariam em risco a sua conclusão para a realização dos jogos. Segundo fontes do mercado, a situação do complexo esportivo não é a única em que a Queiroz Galvão vive nessa situação delicada. Pagamentos com origem no orçamento federal também estão em atraso para a conclusão do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista, onde outros cerca de 450 trabalhadores foram colocados em aviso prévio nesta quarta-feira e mais 70 foram demitidos. No consórcio desse empreendimento estão Queiroz Galvão (66%) e Trail Infraestrutura (34%). Este empreendimento de mobilidade urbana faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e recebeu o último pagamento ainda em 2014. 

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