segunda-feira, 6 de abril de 2015

Bebel, a chefona da Apeoesp, me acusa de ser… tucano! Então tá! Leiam

Atenção, senhores leitores! Bebel, a presidente da Apeoesp — aquela que faz campanha publicitária recomendando que os pais não levem seus filhos para a escola —, está brava comigo. De novo! Ela resolveu escrever um texto-denúncia contra mim. A principal acusação seria esta: eu seria tucano, mantra que também repetem militantes de extrema direita. O mais gostoso de sua afirmação nem é ser falsa, mas é os tucanos saberem, o que digo gostosamente, que é falsa. Tenho amigos do PSDB? Tenho, sim. Mas tenho amigos petistas também. E do PMDB. E sem partido nenhum. E uma larga maioria que acha isso tudo uma bobagem. Você que conhece um tucano qualquer, indague: “Reinaldo é tucano?”. E ele tende a arregalar os olhos e dizer: “Nãããooo!”. A razão é simples. Tucanos, na larga maioria, são de centro-esquerda, o que eu não sou. Mas isso todo mundo sabe. O que me diverte mesmo são os termos do texto da tal Bebel. Ele segue na íntegra. Se ficar só na página dela, permanece quase clandestino. Eu faço questão que muitos milhares de leitores saibam o que a presidente da Apeoesp pensa do terrível Reinaldo Azevedo… Que gente patética! O texto segue como está publicado, sem correções de língua ou de estilo. Ainda voltarei ao tema.

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Por que Reinaldo Azevedo ataca os professores
Mais uma vez Reinaldo Azevedo, colunista da Folha de S. Paulo e da revista Veja, ataca a APEOESP, a greve dos professores e a mim pessoalmente.
As motivações deste senhor são claras e evidentes: tentar destruir quem desagrada o seu partido, o PSDB.
Nada tenho contra filiações e simpatias partidárias. Eu mesma as tenho. Mas não confundo minha função institucional como Presidenta da APEOESP com minha militância partidária. No sindicato, encaminho todas as decisões emanadas das instâncias e defendo os interesses da nossa categoria e da escola pública. Entretanto, Reinaldo Azevedo se vale de sua condição privilegiada de colunista em órgãos de imprensa para fazer militância político-partidária e para achincalhar pessoas que supostamente atrapalham o seu partido.
As calúnias, difamações, mentiras e ataques perpetrados contra mim e contra a nossa categoria não passarão em branco. Ele responderá judicialmente por tudo aquilo que configurar crime ou danos morais. E também pelos comentários iguais ou piores que abriga em suas colunas.
Não é por coincidência que ele diz que não há greve de professores. É o discurso oficial do Governo Estadual. Entretanto, quem visita as escolas vê que a greve cresce e ganha cada vez mais apoio entre os estudantes e pais. Nossa última assemblÉia, no dia 2 de abril, em plena semana santa, reuniu 60 mil professores e realizou uma caminhada por todo o centro de São Paulo em defesa da escola pública.
Não somos apenas nós, professores, que vivemos em meio ao descaso e ao abandono do Governo Estadual; os estudantes frequentam escolas sem infraestrutura e sem condições adequadas para a realização do processo ensino-aprendizagem. Eles têm aulas em salas superlotadas e passam uma série de dificuldades para aprender. Os resultados da política educacional do Governo estão aí. A vitória da nossa greve também será uma vitória de toda a comunidade escolar.
O Governo Estadual afirma não haver greve, mas diz que utiliza 35 mil professores eventuais para cobrir aulas não ministradas. Muitos desses professores, diga-se de passagem, aceitam essa condição devido à precarização da categoria, mas não tem condições de ministrar uma aula, pois estão sendo agrupadas diversas classes em uma só sala, devido à situação de greve. Em muitas escolas, mais de cem estudantes são amontoados para assistirem filmes ou um simulacro de aula, apenas porque o Governo não quer que a greve seja visível.
Sim, nós nos dirigimos aos pais porque queremos evitar que nossa greve legítima prive nossos alunos sejam privados do acesso aos conteúdos que devem receber durante o ano letivo. Como em todas as outras greves, vamos negociar com a Secretaria da Educação a reposição das aulas não ministradas. O Governo comete um crime contra o direito constitucional de greve ao substituir os professores que aderiram ao movimento por eventuais, para fingir que as aulas estão normais. É esse tipo de falcatrua que o senhor Reinaldo Azevedo apoia.
Este senhor não tem a menor preocupação com a escola pública. Suas incursões neste assunto são apenas para difamar, atacar e tentar enlamear os professores e a APEOESP com seus argumentos falaciosos. Ele até hoje não aceitou o fato de que seu grande amigo José Serra não tenha conseguido eleger-se Presidente da República em 2010 e sabe muito bem que grande parte deste fracasso pode ser debitada à forma violenta e desrespeitosa como tratou os professores.
Nossa greve de 2010 não foi malsucedida, de forma alguma.  Primeiro, porque abriu caminho para a incorporação de todas as gratificações, para concursos públicos (que não vinham ocorrendo) e para uma série de outras negociações que ocorreram com o então Secretário da Educação e no governo seguinte do PSDB. Em segundo lugar, porque mostrou a todo o país a real situação da rede estadual de ensino e do magistério no Estado de São Paulo.
Reinaldo Azevedo nada sabe da minha vida. “Burguesona” é um adjetivo que não se aplica à minha pessoa. Não me envergonho de minha origem, nem da minha trajetória, porque elas são feitas de dificuldades, mas também de muito trabalho, solidariedade, amor, família. Se hoje presido o maior sindicato da América Latina e um dos maiores do mundo e tenho a confiança de uma categoria valorosa e tão importante como são os professores, é graças a essa trajetória.
Nossa greve continua, queira ou não Reinaldo Azevedo e seus amigos. Queremos, sim, negociação já. Queremos respostas a nossas reivindicações. Mas que não sejam apenas uma sucessão de “nãos” e sim propostas que possamos discutir e sobre elas deliberar.
Nós, professores, enfrentamos muitos problemas e dificuldades para exercer a nossa profissão. Não será um sabujo como Reinaldo Azevedo que impedirá a continuidade da nossa luta.
Maria Izabel Azevedo Noronha
Presidenta da APEOESP
Por Reinaldo Azevedo

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