quarta-feira, 1 de abril de 2015

Eis que surge o verdadeiro coordenador político de Dilma: Joaquim Levy!

Eita! Eis que, não mais que de repente, surge um coordenador político no governo. É o mais improvável de todos eles: Joaquim Levy, ministro da Fazenda. Aquele que estreou no comando da economia classificando de tosca a forma como o governo Dilma desonerou a folha de pagamentos; aquele que disse num seminário fechado que é genuína a vontade da presidente de endireitar o Brasil, embora ela seja pouco efetiva; aquele que previu recessão, quando, na sua posição, esperavam que se calasse; que tem um ar, assim, meio “nerd”, com uma aparência algo alienada dos problemas mundanos; que é chamado pelos petistas e pelas esquerdas de “neoliberal”; que parece preferir se esconder em olhos miúdos, tornados ainda menores pelas lentes da miopia; que semelha ter certa obstinação alheia às vicissitudes do mundo real… Eis que este senhor foi o único capaz de dar ao menos uma freada na máquina de moer Dilma em que se transformou o Congresso. Atenção! A presidente da República tem nada menos do que nove coordenadores políticos. Por isso mesmo, o que ela mais colhe são desastres. Lembram aquela piada de quantos petistas são necessários para trocar uma lâmpada? Resposta: nove! Um para segurar a dita-cuja e oito para girar a escada. Levy falou nesta terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Convenceu os parlamentares a adiar para a próxima terça-feira a votação que obriga o governo a renegociar a dívida dos Estados e municípios, conforme lei já aprovada pelo Congresso e sancionada por Dilma. O ministro propôs que o novo índice de correção da dívida só comece a ser aplicado a partir de 1º de fevereiro do ano que vem, quando, então, se saberá se o governo terá ou não cumprido a meta fiscal. O que, a partir de agora, for pago segundo a lei anterior seria posteriormente ressarcido. Rio de Janeiro e São Paulo, as duas cidades mais interessadas nas novas regras, concordaram com o adiamento. Levy falou longamente sobre a necessidade de “endireitar” a economia, para usar palavra sua, e fez ver aos senadores que o eventual malogro do ajuste fiscal levará as agências de classificação de risco a rebaixar o País, o que seria catastrófico. Sua intervenção foi bem recebida por governistas e oposicionistas. O ministro obteve numa conversa o êxito que os nove trapalhões de Dilma não obtiveram, a despeito de sua frenética movimentação. Isso demonstra que o Congresso pode, sim, ser suscetível a um bom argumento e à honestidade de propósitos. Ninguém precisa gostar de Levy ou de suas medidas. Mas ele é um homem correto. Em entrevista à Agência Bloomberg, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo “prepara um grande corte” de gastos. Estima-se que o Orçamento possa ficar entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões menor. Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que o Governo Central, no mês, teve um déficit de R$ 7,357 bilhões, com um acumulado negativo de R$ 24,9 bilhões em 12 meses. Se esse ritmo não mudar, o país não conseguirá cumprir a meta de superávit primário de 2015: 1,2% do PIB — ou R$ 66 bilhões. O que fará Dilma Mãos de Tesoura? Bem, agora ela tem um coordenador político, não é? Coloque Levy para negociar. Se ele não conseguir, melhor dizer adeus às armas… Por Reinaldo Azevedo

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