quarta-feira, 1 de abril de 2015

Executivo deixa conselho da Petrobras por "incapacidade" e "abusos"

Ainda sem conseguir compor seu novo conselho de administração apenas com pessoas de renome no mercado, a Petrobras sofreu um revés com o anúncio do conselheiro Mauro Cunha, que decidiu não concorrer a mais um mandato e saiu atirando. Em carta, o executivo disse que tomou a decisão diante da "incapacidade do acionista controlador [a União] em agir com o devido grau de urgência para reverter os inúmeros problemas que trouxeram a Petrobras à situação atual" e frente aos "abusos cometidos contra a companhia". O executivo faz uma referência indireta à incapacidade da estatal em apresentar um balanço auditado, o aumento do endividamento (em boa medida para atender ao desejo do governo de manter investimentos em projetos não rentáveis, como as refinarias do Maranhão e Ceará) e os atos de corrupção, vindos à tona com a operação Lava Jato. Segundo ele, essa incapacidade ficou mais "evidente com as propostas levadas à Assembléia Geral de Acionistas de 2015" – que não prevê a aprovação do balanço auditado (problema mais urgente da estatal porque pode antecipar o pagamento da maior parte das dívidas da companhia), mas inclui um aumento de remuneração de 13% à diretoria da estatal, que vive a maior crise de sua história. Ao final da carta, Cunha agradece a "honra e confiança" depositada a ele, mas segue atirando: "Faço votos de que a comunidade de acionistas e trabalhadores defendam a Petrobras dos abusos cometidos contra a companhia". Cunha estava há dois anos no conselho da Petrobras. Formado em economia na PUC-Rio e com especialização em finanças pela Universidade de Chicago, Cunha é presidente da Amec (associação que representa investidores profissionais, como fundos, bancos e gestoras de recursos) há seis anos. Antes, havia trabalhado em gestoras de recursos como Mauá Investimentos e Opus. Foi eleito para o conselho da Petrobras em 2013 como representante dos acionistas minoritários detentores de ações ordinárias (com direito a voto). Sob sua gestão, obteve na Justiça uma vitória contra a Petrobras, que passou a ser obrigada a apresentar aos investidores estrangeiros a composição das chapas do conselho de administração antecipadamente. Antes, ela só era apresentada na data da assembléia de acionistas e só restava os estrangeiros acompanhar o voto do controlador ou se abster. Com a mudança, foi possível, em 2014, a eleição do economista e consultor José Monforte como representante dos donos de ações preferenciais, no lugar do empresário Jorge Gerdau.

Um comentário:

Politica sem Medo disse...

O governo como sempre inapto e inepto nunca aprende com os erros Quando tem alguem que tem capacidade de pensar e fazer as coisas certas o governo insiste na inercia. Sem contar que ao inves de conter despesas superfluas, o governo insiste em fazer propaganda da Petrobras, como se nada estivesse acontecendo e continua gastando milhoes lesando ainda mais seu patrimonio. Interessante que a incapacidade do acionista controlador [União] em agir com o devido grau de urgência para reverter os inúmeros problemas que trouxeram a Petrobras à situação atual" e frente aos "abusos cometidos contra a companhia, os atos de corrupcao descobertos pela Lava-Jato, a nao aprovacao do balanco auditado, que anteciparia o pagamento das dividas da companhia, por que o aumento do salario das diretorias em 13%? Insanidade? Sendo assim Mauro Cunha prefere deixar o Conselho de Administracao. O Governo, a Companhia e o povo que se danem. Ele nao vai perder sua tranquilidade numa companhia que continua cheia de gente icompetente e corrupta.