sexta-feira, 17 de abril de 2015

Inflação pelo IPCA-15 fica em 1,07% em abril


A inflação medida pelo IPCA-15 — considerado uma espécie de prévia do IPCA, que é o índice oficial de variação de preços no País — ficou em 1,07% em abril, informou o IBGE nesta sexta-feira. O resultado ficou acima da expectativa do mercado, que variava entre 0,92% e 1,02%, e foi o pior para o mês desde 2003, quando ficou em 1,14%. Apesar disso, houve uma desaceleração na taxa, já que em março foi registrada uma elevação de 1,24%, enquanto o IPCA fechou o mês passado em 1,32%. Em abril de 2014, o IPCA-15 ficou em 0,78%. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,61%. Em 12 meses, o índice chega a 8,22%, o maior desde 2004, quando a variação em igual período somava 8,46%. No mês passado, o resultado em 12 meses foi de 7,90% e em fevereiro, de 7,70%. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, habitação teve a maior alta de 3,66%. Já a menor variação ficou com Comunicação, que teve queda de 0,30%. Os grupos habitação (3,66%) e alimentação e bebidas (1,04%) responderam juntos por 75,70% do índice, somando um impacto de 0,81 ponto percentual, com 0,55 ponto para o primeiro e 0,26 para o segundo. Com impacto de 0,45 ponto percentual, a energia elétrica foi a que mais influenciou individualmente o IPCA-15. A elevação de 13,02% nas contas de luz deveu-se ao reajuste de 83,33% no valor da bandeira tarifária, que na cor vermelha passou de R$ 3,00 para R$ 5,50 a cada 100 kWh, e aos reajustes extraordinários. O Rio de Janeiro foi a segunda região com maior reajuste na energia, de 16,81%, atrás apenas de Curitiba, cuja variação foi de 20,17%. Além da energia, o grupo habitação também registrou altas em taxa de água e esgoto (1,05%); artigos de limpeza (0,93%); condomínio (0,87%); gás de botijão (0,82%); aluguel residencial (0,74%); e mão de obra pequenos reparos (0,74%).


Já os alimentos, que registraram variação para cima de 1,04%, tiveram como principais altas cebola (6,72%), alho (6,61%), ovos (5,49%), leite (4,96%), tomate (4,28%) e óleo de soja (3,68%). A taxa de alimentos, porém, desacelerou frente a março, quando ficou em 1,22%. Passagem aérea (10,30%); serviços bancários (1,32%); telefone com internet (1,18%); empregado doméstico (1,12%); cabeleireiro (1,07%); vestuário (0,94%); conserto de automóvel (0,89%) e remédios (0,81%) também registraram altas significativas. Curitiba foi a região metropolitana com índice de preços mais alto, de 1,79%, devido principalmente à energia elétrica (20,17%) e aos alimentos (1,64%), seguida de Brasília (1,48%) e Rio de Janeiro (1,28). Em março, a taxa fluminense ficou em 1,10%. No ano, acumula alta de 5,43%. Em 12 meses, a região metropolitana do Rio de Janeiro tem a maior inflação do País, com 9,47%, bem acima da média nacional, de 8,22% e que é a maior desde 2004. Segundo o boletim Focus divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira, após 14 semanas de elevação das projeções para inflação neste ano, economistas do mercado financeiro reduziram a expectativa e agora preveem que o IPCA feche 2015 em 8,13%. A redução é pequena, de apenas 0,07 ponto percentual e mantém o índice bem acima do teto da meta do governo, de 6,5%. Há quatro semanas, a previsão era de que os preços subissem 7,93% no fim deste ano. Leonardo Costa, da Rosenberg Associados, diz que, embora o IPCA-15 de abril mostre uma desaceleração frente a março, o resultado ainda é muito alto. Para o IPCA fechado do mês, a expectativa é de forte desaceleração frente ao mês anterior, com uma taxa 0,7% ou 0,8%, quase a metade do 1,32% de março. Mas o índice acumulado nos últimos 12 meses deve se manter em elevação: "A taxa em 12 meses deve continuar subindo, para atingir o pico em junho ou julho, na casa dos 8,5% (dois pontos percentuais acima do teto da meta do Banco Central, de 6,5%). Só depois deve começar a desacelerar, chegando ao fim do ano em 7,9%". Costa explica que o impacto da alta do dólar, do custo da energia e da elevação dos preços dos alimentos por questões sazonais foi muito forte no primeiro trimestre de 2015 e que isso deve ter algum reflexo ainda no segundo trimestre. “Apenas os administrados deverão subir 13,6% neste ano, enquanto os preços livres deverão terminar com variação de 6,3%, contando com menores variações nos alimentos no domicílio (haja vista à descompressão dos in natura que já se verifica nos IGPs) e nos serviços (a cargo da deterioração no mercado de trabalho)”, explica a Rosenberg Associados em nota. O Banco Fator também ressalta a pressão dos preços administrados, por um lado, e a desaceleração de outros componentes devido à alta dos juros e o enfraquecimento da atividade econômica: “Separando o IPCA-15 em preços administrados, serviços e todos os demais componentes, vemos que estes ‘outros’ desaceleraram de 5,76% para 5,18% na base interanual (abril de 2015 frente a abril de 2014). Neste ponto, cabe salientar os efeitos da já observada contração da atividade econômica, junto com o ciclo de alta na Selic iniciado em outubro do ano passo, sobre os preços. Administrados e serviços, como já foi dito, aceleraram nesta base de comparação". Em relatório, o Goldman Sachs afirma que as ações feitas pelo governo até o momento para combater a inflação são positivas, mas ainda não são suficientes e farão com que o Comitê de Política Monetária (Copom) volte a elevar a taxa básica de juros, a Selic, mas em 0,50 ponto percentual em vez de um moderado 0,25 ponto percentual na reunião do próximo dia 29. Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 14 de março a 13 de abril de 2015 e comparados com os que estavam vigentes de 12 de fevereiro a 13 de março deste ano. 

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