domingo, 5 de abril de 2015

Jornalista e filósofo Luis Milman protesta contra artigo antissemita publicado pelo jornal Zero Hora

Professor de jornalismo na Ufrgs (aposentado), jornalista com larga e importante atuação em grandes coberturas (como a da propina da jogatina durante o governo do petista Olívio Dutra, que acabou resultando na CPI da Segurança) e filósofo, o gaúcho Luis Milman não gostou de artigo publicado no jornal Zero Hora deste sábado, no qual um antropólogo defendeu o sacrifício de animais em cerimônias de umbanda, comparando-a com prática igual que ocorreria em atos religiosos em sinagogas de Porto Alegre e de todas as partes do mundo. Luiz Milman mostrou-se indignado nesta carta enviada para a diretora de redação do jornal, Marta Gleich, porque antes de mais nada o artigo é mentiroso, já que nenhum sacrifício de animal é realizado em qualquer cerimônia levada a efeito nas sinagogas. E por ser mentiroso, é antissemita, porque atribui aos judeus algo que eles não praticam. E para concluir, a diretora de redação de Zero Hora teve a decisão de mandar publicar o artigo na hora mais inadequada possível, justo na Páscoa Judáica (o Pessach), comemorada este ano junto com a Páscoa cristão. Isso foi mais um exemplo do corrupto domínio do esquerdismo petista nas redações do Grupo RBS, envolvido na Operação Zelotes. Leia a carta de Luis Milman: "Recebi muitas mensagens de judeus revoltados, pelo Facebook, tratando do artigo publicado por ZH, no sábado passado, dia 3 de abril. Comum a todas as manifestações, era a repulsa causada na comunidade judaica pelo citado artigo, de autoria de um antropólogo local, que fazia a defesa dos sacrifícios animais em rituais de batuque. Até aí, um tema admitidamente controverso e, por essa razão de interesse jornalístico. No entanto, o artigo avança para a formulação de uma simetria ritualística entre as práticas dos batuqueiros e os rituais realizados nas sinagogas judaicas, com base na sua informação de que nas sinagogas também é comum a prática de sacrifícios. E que no caso das últimas, não há pressão para que as práticas sejam proibidas devido ao receio da “poderosa comunidade judaica”. Para começar, uma palavra sobre o tal antropólogo: trata-se de um sabujo antissemita que se anuncia como pesquisador, mas que, em verdade, não passa de um infeliz palpiteiro sobre temas que não conhece. E não são temas difíceis de pesquisar para alguém que se diz antropólogo. Bastaria ter visitado algumas sinagogas locais e constatar que, nelas, não se faz sacrifícios de animais de qualquer espécie. E não se faz há mais de 2 mil anos, desde a queda do II Templo de Jerusalém. Mas a mixórdia publicada pelo tal antropólogo visava, se analisada com vagar, equiparar os estudos e a liturgia milenares de uma religião literária, que cumpre papel central na formação da cultura ocidental, com formas animistas de culto, para as quais a sangria de animais é ainda a parte central. Um arrematado despropósito, que se projeta da tentativa psicótica de propor a equivalência entre religiões e práticas rituais que não tem nada em comum. Quanto à denúncia feita pelo antropólogo, de que os rituais judaicos são tratados com panos quentes porque se teme a poderosa comunidade judaica, é forçoso dizer que, mais uma vez, um artigo antissemita, mentiroso e ofensivo com relação aos costumes judaicos, é publicado por Zero Hora, a exemplo do que já o foram tantos outros. Tem-se adotado esta norma em ZH, é de se constatar; e mesmo que os proprietários do grupo RBS sejam de origem judaica, ninguém sabe o que esta condição implica para eles. E fica a pergunta: qual a razão de publicar a excrescência antropológica justamente no dia em que os judeus comemoram o Pessach, a importante Páscoa Judaica, data na qual se recordam os milagres da saída do Egito? O que passou pela cabeça do editor(a) de opinião do jornal, ao permitir que tamanho despropósito, sem qualquer base factual, mentiroso e reprovável sob todos os pontos de vista, fosse publicado justamente neste dia? Tudo isto pode ser ocasional, mas não é o que parece. E aqui chegamos ao terceiro ponto. A forma inconsequente, amadorística e irresponsável com que são tratadas questões cultural e socialmente sensíveis para a comunidade judaica tem despertado um crescente asco por este jornal. Isso mesmo, asco. Muitas pessoas da comunidade já cancelaram suas assinaturas de Zero Hora devido a posturas ora pró-Palestina do noticiário sobre o conflito com Israel, ora no mínimo apressadas e até mesmo fraudulentas quando da abordagem de temas judaicos. Fica aqui minha indignação por mais esta violência cometida por Zero Hora contra a comunidade judaica do Rio Grande. Luis Milman, Porto Alegre".

Nenhum comentário: