sexta-feira, 17 de abril de 2015

Juíza do caso Bancoop pede para ouvir Vaccari Neto por videoconferência

Um dia após o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, ser preso no curso da operação Lava Jato, a juíza da 5ª Vara Criminal de São Paulo, Tatiana Vieira Guerra, pediu para que o dirigente petista seja ouvido, por videoconferência, na ação penal sobre um esquema de desvios de recursos na época em que foi presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Vaccari foi preso pela Lava Jato na quarta-feira (15) e levado para Curitiba (PR). Os últimos depoimentos da instrução penal na Justiça de São Paulo estão marcados para os dias 5, 6 e 7 de maio. Depois disso, será aberta a fase de alegações finais da defesa e acusação. Vaccari e outros cinco dirigentes da cooperativa estão sendo acusados de crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Conforme a denúncia feita em 2010, o grupo é acusado de desviar recursos da Bancoop, que atua na área de construção e venda de prédios de apartamentos, para abastecer campanhas eleitorais do PT. As irregularidades atribuídas a Vaccari, na época em que foi diretor financeiro (2002 e 2004) e presidente (2004-2010) da Bancoop, foram apontadas pelo Ministério Público Federal como uma das razões que levaram o juiz Sérgio Moro a decretar a prisão preventiva do então dirigente petista. Segundo a denúncia da Procuradoria, o prejuízo na cooperativa foi de R$ 170 milhões, e mais de 2.000 mutuários foram lesados –pagando sem receber os apartamentos ou tendo de aportar valores extras para conseguir os imóveis. Alguns, que receberam os imóveis, ainda aguardam a expedição das escrituras definitivas dos bens. Vaccari foi diretor financeiro (2002-2004) e presidente da Bancoop (2004-2010) quando teriam sido cometidas fraudes como superfaturamento de terrenos para os prédios e pagamentos a empresas de fachada - em alguns casos, com saques de altos volumes de saques dinheiro na boca do caixa na eleição de 2004. O ex-tesoureiro, afastado do cargo após sua prisão, é suspeito na investigação que apura um esquema de corrupção na Petrobras de operar o recebimento de propinas de empreiteiras contratadas pela Petrobras para repassar ao PT. Ele está preso por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro. A Folha não conseguiu ouvir o defensor de Vaccari, Luiz Flávio Borges D'Urso, sobre o caso Bancoop. Em ocasiões anteriores, o ex-tesoureiro do PT já havia refutado as acusações do Ministério Público sobre desvio de dinheiro da cooperativa para abastecer campanhas do PT. Na quinta, referindo-se à Lava Jato, Borges D'Urso atacou o fato da decretação da prisão preventiva ter se baseado "primeiramente" em depoimentos de delatores - o que, segundo o advogado, representam somente "informação sem comprovação" e inverídicas. Segundo o defensor, no caso de Vaccari faltaram indícios de autoria e materialidade de crimes, requisitos para a prisão preventiva decretada pelo juiz Sergio Moro, da 13ª vara federal de Curitiba. O defensor do dirigente petista anunciou que vai impetrar pedido de libertação de seu cliente nas instâncias superiores. Um dos pontos atacados pelo advogado foi a tese do Ministério Público Federal de que parte da propina devida por empreiteiras era paga na forma de doações legais ao PT. Vaccari já havia insistido neste ponto ao depor na CPI da Petrobras, na semana passada.

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