terça-feira, 28 de abril de 2015

O traficante brasileiro Rodrigo Gularte foi executado na Indonésia

O traficante brasileiro Rodrigo Gularte foi executado por volta das 14h00 desta terça-feira (meia-noite de quarta-feira na Indonésia) por fuzilamento na prisão de Nusakambangan. Gularte, de 42 anos, estava preso desde 2004 por tráfico internacional de drogas. Seu advogado, Rick Guanwan, confirmou a execução à rede britânica BBC. Além dele, outras sete pessoas também foram executadas pelo mesmo crime: dois australianos, quatro nigerianos e um indonésio. De acordo com a emissora australiana 9News, a única mulher condenada, a filipina Mary Jane Veloso, não foi executada porque a pessoa que a recrutou para transportar drogas se entregou às autoridades. As execuções, que já são a segunda leva sob comando do presidente Joko Widodo, provocaram críticas internacionais e tensões diplomáticas com Brasil, Austrália, Filipinas e Nigéria. A prima de Gularte, Angelita Muxfeldt, disse ele estava “calmo” e pediu para ser enterrado no Brasil. Os prisioneiros são executados por um pelotão de fuzilamento, recrutado de uma unidade especial da polícia nacional. Os atiradores deste pelotão são escolhidos com base em suas habilidades de tiro e “saúde física e espiritual”. Os condenados são levados para celas isoladas 72 horas antes da execução. Famílias e conselheiros religiosos foram autorizados a visitá-los algumas horas antes da execução. Os prisioneiros, que são vendados, têm a escolha de ficar em pé, ajoelhados ou sentados perante o pelotão de fuzilamento. Suas mãos e pés permanecem amarrados. Cada prisioneiro fica diante de um pelotão de doze atiradores que miram seus fuzis em direção ao coração, mas somente três dos atiradores possuem munição real em suas armas. As autoridades afirmam que desta maneira quem executa não é identificado. Uma equipe médica fica no local para confirmar a morte dos prisioneiros após as execuções. Depois da confirmação, os corpos são limpos e entregues às famílias, que esperam do lado de fora do presídio durante a execução. Caso o prisioneiro ainda não esteja clinicamente morto, é dado um tiro de misericórdia em sua cabeça. Gularte foi preso em 2004, quando tentava entrar na Indonésia com 6 quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe. No ano seguinte, ele foi condenado à pena de morte e desde então vinha aguardando a Justiça indonésia julgar todos os recursos de seus advogados. Recentemente, a defesa de Gularte argumentou que ele sofria de transtornos mentais. A família do brasileiro apresentou laudos médicos para comprovar que Gularte sofre de esquizofrenia. Pela legislação da Indonésia, a doença mental pode livrar um criminoso da pena capital. Mas a promotoria do país asiático sustentou que Gularte era saudável. O paranaense Rodrigo Gularte é o segundo brasileiro executado pela Indonésia neste ano. Em janeiro, Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, foi fuzilado pelo crime de tráfico de drogas depois de passar mais de uma década no corredor da morte. Eles foram os primeiros cidadãos brasileiros a serem executados no exterior. A Indonésia, que retomou as execuções de réus em 2013, mantém 133 prisioneiros no corredor da morte, 57 acusados por tráfico de drogas, dois por terrorismo e 74 por outros crimes. O presidente indonésio, Joko Widodo, intransigente sobre a aplicação da pena de morte por tráfico de drogas, ignora os apelos de clemência e as pressões diplomáticas internacionais para evitar as execuções. Widodo alega que o país enfrenta uma situação de emergência diante do problema das drogas e precisa de uma “terapia de choque”. A pena capital por narcotráfico ou até mesmo pela posse de pequenas quantidades de droga também é aplicada em outros países do sudeste da Ásia, como Malásia, Vietnã, Tailândia e Cingapura.

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