quinta-feira, 23 de abril de 2015

Parlamento da Venezuela declara ex-premiê espanhol socialista persona non grata

O Parlamento da Venezuela declarou persona non grata o ex-premiê espanhol Felipe González (1982-1996), que planeja viajar a Caracas para juntar-se à defesa de dois líderes opositores presos. A medida foi aprovada na terça-feira (21), após ser apresentada pelo Partido Comunista da Venezuela, que forma parte da dominante bancada alinhada com o presidente, o socialista Nicolás Maduro. Embora também seja socialista, González é acusado por Maduro de se imiscuir em temas domésticos venezuelanos ao apoiar esforços pela libertação do líder direitista Leopoldo López (preso há um ano) e do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma (detido em fevereiro). López e Ledezma são acusados de conspirar para promover um golpe de Estado. Não está claro se o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, que também pretende defender López e Ledezma, foi declarado persona non grata. Nesta quarta-feira, González anunciou que pretende viajar à Venezuela em maio e ressaltou que continuará participando da defesa dos políticos presos mesmo que seja impedido de entrar no país. Em tese, o status de persona non grata decretado pelo Legislativo não é vinculante. Neste caso, porém, a medida representa clara manifestação política de repúdio endossada pelo Executivo. 


Mesmo sem considerar alguém persona non grata, governos podem barrar a entrada de quem quiserem sem justificava. Segundo convenções internacionais, Estados são soberanos sobre o acesso de estrangeiros a seu território. O caso surge em meio à deterioração dos laços entre Caracas e Madri. Nesta quarta-feira (22), a Espanha convocou para consultas seu embaixador na Venezuela em sinal de protesto a Maduro, que havia chamado de racista o premiê espanhol, Mariano Rajoy, notório crítico de seu governo. O ditador bolivariano Maduro vem acusando Rajoy e outros líderes de usar o tema dos direitos humanos como instrumento de pressão política contra Caracas. A deterioração na relação da Venezuela com a Espanha contrasta com indícios de apaziguamento com os EUA. Críticos acusam Maduro de apontar para inimigos externos na tentativa de desviar o foco dos graves problemas que afetam a Venezuela, incluindo inflação, desabastecimento e violência.

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