quinta-feira, 30 de abril de 2015

Petista João Vaccari vira réu por lavagem de dinheiro na gráfica do petrolão


O ex-tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, virou réu mais uma vez na Justiça Federal - agora, pelo uso da gráfica Atitude, investigada na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. Nesta quinta-feira, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra Vaccari, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o empresário Augusto Mendonça Neto, sócio da Toyo Setal. Os três são acusados de lavagem em operações que utilizaram uma gráfica de sindicatos ligados ao PT e à Central Única dos Trabalhadores (CUT). De acordo com a denúncia, Vaccari pediu a Augusto Mendonça Neto que direcionasse 2,3 milhões de reais para a gráfica como parte da propina devida por dois contratos da Petrobras com consórcios em que a Toyo Setal tinha participação. O dinheiro foi desviado de projetos da refinaria de Paulínia, em São Paulo, e de Araucária, no Paraná. No mesmo acerto, Duque exigiu que outros 4,2 milhões de reais de propina fossem pagos na forma de doações oficiais ao PT, o que já é tratado em outra ação penal. No despacho em que aceitou a denúncia, Moro determinou que sejam anexados ao processo alguns documentos. Deve ser juntado aos autos um relatório com todos os registros da entrada de Mendonça Neto em qualquer edifício da Petrobras de 2010 a 2013, esclarecendo qual a pessoa visitada. O juiz também cobrou que sejam informados quais os telefones utilizado por Duque no seu período como diretor. A transação com a gráfica Atitude foi uma razões que fizeram Vaccari ter a prisão preventiva decretada. As empresas de Mendonça Neto realizaram 22 transferências bancárias que somam 2,25 milhões de reais (valor líquido, descontados impostos) para a Editora Gráfica Atitude. Em contrapartida, a gráfica emitiu dezoito notas fiscais frias para justificar os pagamentos. O Ministério Público Federal localizou o e-mail de uma funcionária da gráfica com cópia das notas. Em 2010, os pagamentos à gráfica ocorreram meses antes e depois das eleições, quando a empresa veiculou uma edição da Revista do Brasil, com tiragem de 360.000 exemplares, de conteúdo favorável à presidente Dilma Rousseff e ofensivo ao senador José Serra (PSDB), então adversários na disputa da Presidência da República. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considerou a revista uma propaganda irregular e multou a gráfica em 15.000 reais. Para os procuradores da República, há indícios de que os pagamentos de propina da Toyo Setal, dissimulados como compra de anúncios, financiaram a edição de número 52 da Revista do Brasil, de outubro de 2010, justamente a multada pela Justiça Eleitoral por propaganda pró-Dilma. O Ministério Público Federal indicou que parcelas do contrato fictício foram pagas naquele mês, bem como antes e depois das eleições. A gráfica Atitude é uma sociedade mantida por dois sindicatos umbilicalmente ligados ao PT: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Os sindicatos são sócios na empresa e indicam seus diretores - quase todos filiados ao PT e sempre dirigentes sindicais. Um deles, Teonílio Barba (Metalúrgicos do ABC), elegeu-se deputado estadual em São Paulo no ano passado. Outra diretora, Ivone Maria da Silva (Sindicato dos Bancários), foi uma defensora de Vaccari durante a gestão do ex-tesoureiro petista na Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Por causa de irregularidades na Bancoop, o ex-tesoureiro responde criminalmente na Justiça paulista.

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