sexta-feira, 24 de abril de 2015

Polícia Federal apura suspeita de terrorismo e apreende documentos de advogado muçulmano

O Grupo Antibomba da Polícia Federal fez nesta sexta-feira, 24, operação em um prédio da Asa Norte, área nobre de Brasília. Os agentes vasculharam o apartamento de um advogado que atua em defesa das comunidades muçulmanas no Brasil. Conforme agentes a par das investigações, a ação, que mobiliza setores de inteligência da Polícia Federal, apura suspeitas de terrorismo. Homens encapuzados, do Comando de Ações Táticas (COT) da Polícia Federal, fizeram buscas no imóvel com a ajuda de um cão farejador, a partir das 8 horas. No apartamento, moram o advogado Marcelo Salahuddin Bulhões dos Santos, a mulher dele, de origem iraniana, e um filho de colo. Por volta das 10 horas, um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foi chamado ao local para acompanhar as buscas. Ele foi acionado porque ali funciona também o escritório do advogado. Por lei, ações nesses locais têm de ser acompanhadas pela entidade. Ao sair do local no início da tarde, o procurador Mauro Lustosa, da Comissão de Prerrogativas da OAB, explicou que os policiais tinham em mãos um mandado para apreensão de documentos. A suspeita, explicou, é de que o advogado guardava no local papéis falsos. Por volta das 14 horas, a equipe do COT deixou o imóvel com três malotes de documentos. O advogado foi intimado e terá de comparecer à Polícia Federal para prestar depoimento. Agentes da Polícia Federal explicaram que a legislação brasileira não tipifica o crime de terrorismo. Por isso, nas investigações que envolvem suspeitas desse tipo de prática, são apontados delitos previstos no Código Penal Brasileiro. Marcelo e a mulher moram no apartamento há cerca de um ano, segundo vizinhos. Os dois são da religião muçulmana. Em 2013, em um documento enviado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem no Senado, o advogado denunciou supostos excessos de serviços secretos contra cidadãos de origem ou que professam a fé islâmica. “Há fortes indícios de que vários cidadãos brasileiros de origem árabe e/ou de confissão islâmica tenham sido objetos de investigação por parte de serviços de inteligência nacionais e estrangeiros, sendo que nem sempre haveria motivo plausível para tal”, escreveu, em setembro daquele ano, em um ofício endereçado à senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). O advogado entregou um pacote de documentos à CPI, entre os quais relatórios de órgãos americanos sobre a atividade de cidadãos muçulmanos. No comunicado, ele se intitula ex-servidor da Polícia Federal e explica que em diversas ocasiões presenciou a “interferência” de serviços estrangeiros na atuação de órgãos do governo federal – no entanto, não deu exemplos. “Posso destacar o Departamento de Polícia Federal”, afirmou. Com a proximidade das Olimpíadas de 2016, o Brasil reforçou o alerta contra o terrorismo. Dois órgãos de inteligência do governo elaboraram relatórios apontando tentativas de o Estado Islâmico cooptar brasileiros para sua causa, a do terrorismo islâmico. As mesquitas no Brasil estão repletas de clérigos que pregam a guerra religiosa contra o Ocidente todos os dias. 

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