sábado, 4 de abril de 2015

Vigília marca um ano da morte do menino Bernardo Boldrini




Centenas de pessoas participaram neste sábado de protestos que marcam um ano da morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, no Rio Grande do Sul. O garoto foi morto em 4 de abril do ano passado com uma injeção letal dada pela madrasta e uma amiga dela na cidade de Frederico Westphalen, distante 80 quilômetros de onde moravam, em Três Passos. Na cidade de Santa Maria, onde os corpos de Bernardo e da mãe foram sepultados, a avó materna Jussara Uglione fez vigília em frente ao túmulo da filha e do neto. A casa da família em Três Passos também virou ponto de vigília e orações pela manhã e à tarde. Diversos cartazes com fotos e lembranças de Bernardo e da mãe, Odilaine Uglione, morta em 2010, foram pendurados nas grades da casa. Crianças que estudavam com o menino, pais e vizinhos colocaram flores no local e doze velas - uma referência à idade que ele teria e aos meses que passaram desde o crime. Neste domingo, eles devem rezar uma missa e fazer uma passeata na cidade. Grupos que se organizam nas redes sociais para cobrar Justiça pela morte de Bernardo Boldrini publicaram uma carta escrita pelos amigos da escola. Eles falam da saudade que sentem do menino e dizem que "dói ver o lugar dele vazio na sala de aula". Em um dos trechos, citam as agressões vividas pelo garoto e criticam a omissão do pai dele. "Em setembro, lembramos seu aniversário. E depois de dois dias descobrimos, através de vídeos publicados pela imprensa, que o que você vivia em sua casa era surreal. Descobrimos que o pai, aquele que tem a missão de prover e cuidar, fez exatamente o contrário. Perdemos o chão. Ficamos mais abalados ainda. Perguntamo-nos diversas vezes: "Por que você não nos contou?" Nunca teremos resposta. Você era um forte. Passou por tudo sozinho, sofria calado. Saía de casa, fechava o portão e estava em outro mundo, deixava para dentro do portão a vida sofrida de filho mal cuidado", diz o texto. O imóvel onde Bernardo Boldrini morava e sofreu maus tratos permanece fechado desde que a madrasta, Graciele Ugulini, e o pai, Leandro Boldrini, foram presos preventivamente, acusados de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Também respondem pelo crime a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o irmão dela, Evandro Wirganovicz. Só Leandro e Evandro alegam ainda inocência. Graciele diz que a morte do enteado foi acidental, e Edelvânia afirma que só ajudou a amiga a esconder o corpo sob ameaça. O Ministério Público e a Polícia Civil dizem que há provas do envolvimento dos quatro denunciados no crime, motivado por interesse em bens e problemas de convivência com o menino, no caso do pai e da madrasta, e por recompensa financeira, no caso dos irmãos Wirganovicz. Manobras judiciais emperraram o andamento do processo e eles ainda não têm data para ir a júri popular.

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