sexta-feira, 8 de maio de 2015

A pantomima de Jandira Feghali e o fascismo das esquerdas nababescas. Ou: Mais respeito com Roberto Freire! Ou ainda: Que o meu texto seja lido no Conselho de Ética da Câmara!

Protagonista da pantomima: quem bate como Jandira não deve apanhar como Jandira… Assisti nesta quarta-feira, na Câmara, a um dos espetáculos mais asquerosos dos últimos tempos. A protagonista foi a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma notória criadora de caso, que diz as mais estúpidas barbaridades com aquele seu ar de suposta superioridade moral. E põe suposta nisso! Seu pensamento é detestável. Sua argumentação é pilantra. Seu feminismo é burro e obscurantista. E até Dilma Rousseff, que hoje tenta pegar carona em tudo o que é rebarba nas redes sociais, resolveu entrar no debate. A principal vítima da baixaria foi o deputado Roberto Freire (PPS-SP), um homem decente e correto, de 73 anos. Tudo começou quando o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), 43 anos distribuídos numa massa relativamente corpulenta, resolveu ter um faniquito porque as galerias haviam jogado no plenário uma chuva de “PTrodólares”, notas que imitavam a moeda americana, com as efígies de Dilma, Lula e João Vaccari Neto. O comunista do Brasil surtou e, junto com os petistas, cobrou que os manifestantes fossem retirados da Câmara. Ainda lembrarei como os aliados de Orlando costumam ser delicados com aqueles de que discordam. Freire se aproximou do microfone que fica no plenário para contraditar Silva. Um senhor de 73 anos tocou os ombros do jovem de 43 não para agredi-lo, mas para chamar a sua atenção. Pode não ter sido o melhor meio, mas terá sido aquilo agressão? Foi o que bastou para que Jandira, metida a Mulher Comunista Maravilha, se pusesse entre os dois. Ora vejam! Mãe Jandira, 57, queria proteger um correligionário de 43 da suposta agressão de um senhor de 73! É ridículo! É patético! É asqueroso! É moralmente doloso! Ali no empurra-empurra, o deputado do PPS teria tocado ou, sei lá, puxado o braço de Jandira, que começou a gritar feito uma doida, afirmando que estava sendo agredida por um homem. Acusou o “machismo” de Freire e a sua suposta truculência. O nome disso é assédio moral, é falsa comunicação de um crime, é oportunismo político. Eu assistia a tudo enojado, quase vomitando. O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) foi ao microfone em defesa de Freire. Afirmou que estava ao lado, que assistiu a tudo e que o deputado do PPS não havia agredido ninguém. E disparou a seguinte frase: “Quem bate como homem tem que apanhar como homem”. Ah, aí Jandira viu o pretexto ideal para a sua pantomima. Como soava um pouco ridículo se dizer agredida por Freire, a deputada e outros esquerdistas mixurucas viram em Fraga a vítima ideal. Afinal, como não cansam de lembrar meus coleguinhas de esquerda na imprensa, ele é “coronel da reserva da PM do DF” e membro de uma tal “bancada da bala”, inventada por jornalistas “progressistas”. É evidente que ao empregar o verbo “bater”, o deputado não estava se referindo à porrada, mas ao embate natural num Parlamento. Até porque, ali, as pessoas não trocam socos. A sua frase, em essência, é menos sexista e discriminatória do que o teatro de quinta estrelado por Mãe Jandira. Aliás, não há nada de sexista: ela trata é de igualdade. Num Parlamento, não existem homens, mulheres, brancos, negros, gays, héteros… Num Parlamento, existem representantes do povo. Qualquer discriminação de identidade reduz o papel da representação. Se cada um se portasse de acordo com a sua condição e votasse pensando apenas em protegê-la, jamais haveria mudança. Ah, mas aí começou a gritaria, como se Fraga estivesse advogando que se batesse em mulher. Infelizmente, vi e vejo essa interpretação ser repetida nos jornais. Na Folha desta quinta, por exemplo, Bernardo Mello Franco escreve: “Líder da bancada da bala, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) (…) afirmou que uma colega merecia ‘apanhar como homem’”. FRAGA NÃO DISSE ISSO. E MELLO FRANCO SABE MUITO BEM. ATÉ A GRAMÁTICA, NÃO FOSSE O CONTEXTO, EXPLICA POR QUE NÃO. Na própria Folha Online, leio um desdobramento da cena lamentável de ontem. Não há a menor menção a Freire e à origem da confusão, que explica o resto. Não é assim que se faz. 
Tenham mais respeito
Jandira Feghali foi à tribuna. Cascateou à vontade, afirmando que quem lutou no Araguaia não teme machismo. Que nojo! Os primeiros guerrilheiros começaram a chegar à região em 1967, quando ela tinha 10 anos e ainda, suponho, brincava de boneca. Quando a coisa acabou, estava com 17. Não lutou no Araguaia. “Ah, Reinaldo, ela se referia ao PCdoB…” Entendi! Agora existe a “guerrilha herdada”. Vão se catar! Roberto Freire era comunista quando essa escolha rendia cadeia e morte, como, aliás, aconteceu com alguns de seus contemporâneos. Sim, eu repudio a ideologia à qual ele estava ligado, mas tenho apreço pela coragem. Jandira ingressou no PCdoB em 1981. Em 1985, o partido já estava legalizado. O único risco que sempre correu é o de ser atropelada pelos fatos, pela verdade e pela história. E Orlando Silva? É um comunista do Brasil desde 1988… Tenham mais respeito, os dois, por Roberto Freire. Se não têm a grandeza de reconhecer a sua coragem e a sua retidão, tenham ao menos o decoro de não se dizer ameaçados por um homem de 73 anos, que nunca agrediu ninguém. Ademais, fosse para escolher, qualquer pessoa decente ficaria com Freire, que foi comunista quando isso podia implicar tortura e morte. Jandira e Orlando são comunistas quando isso significa poder e cargos. Parece que Jandira vai denunciar Fraga no Conselho de Ética. O deputado pode usar, se quiser, esse meu texto como contribuição à sua defesa. Não o conheço. Nunca falei com ele. Mas sei que a frase “Quem bate como homem apanha como homem”, além de ser um chavão frequentemente repetido por aí, sem intenção machista, não significa estímulo ao espancamento de mulheres. Quer dizer apenas que, ao escolher determinadas formas de luta, as pessoas escolhem também a forma do contra-ataque. Só isso.
Qualquer linguista sabe que os termos são permutáveis sem mudança de sentido:
“Quem bate como mulher apanha como mulher”;
“Quem bate como gay apanha como gay”;
“Quem bate como corintiano apanha como corintiano”;
“Quem bate como vegetariano apanha como vegetariano”;
“Quem bate como idiota apanha como idiota”.
E vai por aí.
Eu só não reconheço a validade da frase “Quem bate como Jandira apanha como Jandira”. Sabem por quê? Porque espero que seus adversários não adotem, na resposta, a baixeza a que ela recorreu no ataque. Ela e Orlando Silva devem desculpas a Freire! E setores da imprensa devem a Fraga a leitura do que ele disse, não do que ele não disse. Têm o direito de não gostar dele, mas não o de lhe atribuir o que não lhe pertence. Ah, sim, quase me esqueço. No Twitter, algum estafeta de Dilma escreveu: “A política fica menor – com p minúsculo – quando é praticada com base no sexismo e no machismo. Minha solidariedade à deputada Jandira Feghali, ameaçada no plenário da Câmara, na noite de quarta-feira (6), por expor suas idéias”. Cuidado, presidente! Quem bate como Dilma apanha como Dilma. Fosse eu Fraga, cobraria da petista um esclarecimento. Quem fez a ameaça? Mesmo quando se é chefe do Executivo, a calúnia e a difamação não parecem ser boas escolhas. Por Reinaldo Azevedo

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