terça-feira, 19 de maio de 2015

Em áudio, diretor da Petrobras lista 35 funcionários "não confiáveis"

A pedido da auditora PricewaterhouseCoopers, responsável por assinar o balanço de 2014, a Petrobras elaborou uma lista com 35 nomes de diretores, gerentes e ex-gerentes que deveriam ser substituídos por não serem considerados "confiáveis". Em reunião do Conselho de Administração, cujo áudio foi obtido e revelado pelo jornal O Globo nesta terça-feira, o diretor de Governança, João Adalberto Elek Junior, citou oito dos 35 nomes para os quais "aparecem algumas bandeiras vermelhas". Ou seja, dirigentes que poderiam causar um "desconforto" aos auditores por terem ligações com nomes investigados na Operação Lava Jato. Entre os citados por Elek na reunião estão Armando Tripodi, ex-chefe de gabinete da presidência na gestão de Sergio Gabrielli; Diego Hernandes, ex-gerente de Recursos Humanos; José Eduardo Dutra, licenciado por motivos de saúde da Diretoria Corporativa da estatal; Luis Alves de Lima Filho, diretor da Rede de Postos de Serviço da BR Distribuidora; Paulo Otto, ex-ouvidor-geral da estatal; Rubens Teixeira, ex-diretor financeiro da Transpetro; e Wilson Santarosa, ex-gerente de Comunicação da Petrobras. O jornal não conseguiu identificar o oitavo nome. O diretor fez uma ressalva de que não se trata de denúncia nem de "julgamento de atitudes" contra essas pessoas, mas de elementos que justifiquem a sua substituição. Na reunião, Elek chegou a dizer que trataria de um assunto "delicado" e pediu para falar apenas na presença dos conselheiros - os diretores, então, saíram da sala de reunião. "A sugestão do comitê é que, independentemente do que apareça mais adiante, que se inicie de imediato a identificação de potenciais substitutos para nomes que venham a ser considerados não confiáveis", afirmou Elek, que depois recomendou a criação de um "estoque de nomes". Após analisar registros telefônicos e os computadores dos funcionários, os auditores identificaram que um deles havia agendado um almoço com Fernando Soares, o Fernando Baiano, suposto operador de propina do esquema do petrolão destinada a políticos do PMDB. Questionado pelos conselheiros se havia provas contra os servidores, o diretor de Governança respondeu: "Já aparecem registros do tipo: encontros frequentes com pessoas relatadas dentro do processo da Lava-Jato, encontro, visita que recebeu, vários telefonemas que receberam. Temos aí a evidência documental. Não é denúncia. São evidências de que houve contato, o que pode retirar o conforto do auditor". A diretoria de Governança foi criada em novembro do ano passado como resposta às irregularidades detectadas na Lava Jato. A Petrobras e a BR Distribuidora afirmaram por meio de sua assessoria que não comentam "informações supostamente oriundas de vazamentos ilegais".

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