quarta-feira, 13 de maio de 2015

Empreiteiro assina acordo de delação e vai devolver R$ 55 milhões

O empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC e da Constran, assinou nesta quarta-feira (13) um acordo de delação com a Procuradoria Geral da República em Brasília. No trato, ele prometeu revelar o que sabe sobre pagamentos de suborno na Petrobras e outras estatais. Ele também se comprometeu a pagar uma multa de R$ 55 milhões, a segunda mais alta entre os delatores da Operação Lava Jato (a maior foi paga por um ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, de US$ 97 milhões, o equivalente hoje a R$ 295 milhões). Pessoa passou cerca de quatro horas na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília, com os procuradores da República que trabalham nos inquéritos sobre políticos relativos à Operação Lava Jato. Nas negociações para o acordo, Pessoa disse que deu R$ 7,5 milhões à campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no ano passado, negociados com o tesoureiro Edinho Silva, ainda de acordo com Pessoa. A doação, segundo Pessoa, visava evitar retaliações em contratos com a Petrobras. Atualmente, Edinho ocupa o Ministério da Secretaria de Comunicação Social. Tanto ele quanto o PT negam ter recebido doações ilegais na campanha do ano passado. Pessoa também citou o senador Edison Lobão (PMDB-MA) como beneficiário de propina na época em que era o titular do Ministério das Minas e Energia, no primeiro governo de Dilma Rousseff (2011-2014). O empresário contou que Lobão recebeu R$ 1 milhão para não criar empecilhos na obra da usina nuclear de Angra 3. A UTC conquistou um dos contratos da usina nuclear, obra estimada em R$ 2,9 bilhões, em consórcio formado com a Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Todas essas empreiteiras são investigadas pela Lava Jato sob suspeita de terem pago propina para conquistar contratos da Petrobras. Pessoa e outros dois executivos da Camargo Corrêa que fizeram acordo de delação foram os primeiros investigados a apontar que essa prática de suborno também ocorria em outras empresas públicas. Pessoa ficou preso de 14 de novembro a 28 de abril, quando o Supremo Tribunal Federal decidiu que ele deveria sair da custódia da Polícia Federal em Curitiba e cumprir prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica. 

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