quarta-feira, 13 de maio de 2015

Fernando Henrique Cardoso diz em Nova York: "Perdi em vários momentos a popularidade, nunca a credibilidade"

A uma platéia de 1.200 pessoas reunidas em um jantar de gala ontem em Nova York, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que os avanços construídos no Brasil a partir da Constituição de 1988 pareciam “desfazer-se no ar” nos últimos anos. Defendendo que o País se guie por “uma lanterna na proa, e não na popa”, o tucano disse esperar que os caminhos percorridos até hoje “não se percam”. Para Fernando Henrique, essa “construção” de décadas foi feita por gerações e não permite que se diga “nunca neste País antes de mim fez-se tal e tal coisa” – uma referência ao bordão que marca os discursos de seu sucessor, o petista Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de Reputações"): “Um país não se constrói senão pondo tijolo sobre tijolo, obra de gerações". Fernando Henrique Cardoso foi um dos dois homenageados em jantar oferecido no hotel Waldorf-Astoria pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos em Nova York. Desde 1970, a entidade dá o prêmio Pessoa do Ano a um brasileiro e a um americano que atuaram pela melhoria nas relações entre os dois países. O outro homenageado foi o ex-presidente Bill Clinton, cujo mandato coincidiu com grande parte do governo do tucano. O evento de ontem foi o mais concorrido das 45 edições do prêmio concedido pela câmara, que reúne 450 empresas dos dois países. Sem mencionar o nome da presidente Dilma Rousseff, o tucano criticou a política econômica do primeiro mandato da petista por manter medidas anticíclicas adotadas em resposta à crise de 2008. “O governo interpretou o que era política de conjuntura como um sinal para fazer marcha à ré”, observou: “Paulatinamente fomos voltando à expansão sem freios do setor estatal, ao descaso com as contas públicas, aos projetos megalômanos que já haviam caracterizado e inviabilizado o êxito de alguns governos do passado". Para Clinton, Fernando Henrique Cardoso está entre os quatro ou cinco líderes mais extraordinários que conheceu: “Ele era a pessoa certa para o seu tempo. Ele é a pessoa certa para qualquer tempo". Fernando Henrique fez a primeira parte do discurso em inglês e retornou ao português quando falou de questões brasileiras. O aplauso mais longo veio ao dizer: “Perdi em vários momentos a popularidade, nunca a credibilidade”.  O ex-presidente criticou a omissão do governo brasileiro diante de violações de “práticas democráticas” na Venezuela e atacou o que considera uma tímida repulsa ao terrorismo. “Não há sequer como pensar em negociar com quem exibe as cabeças cortadas dos ‘infiéis’”, declarou, em referência indireta ao discurso de Dilma na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) do ano passado, no qual ela defendeu o diálogo para solução da crise gerada pela emergência do Estado Islâmico. “Se quisermos participar da mesa decisória do mundo, temos de nos comprometer com os valores democráticos e dar-lhes consequência”, afirmou Fernando Henrique Cardoso. Para ele, em um mundo globalizado não há lugar para a “mudez solidária” em nome da autodeterminação.

Um comentário:

Zaida disse...

Esse homem teve muita coragem ao dirigir nossa Nação.
Não podemos deixar que destruam aquilo que vinha sendo tão bem conduzido.
Só não entendo por que os Deputados e Senadores deixam tudo isso acontecer comodamente sendo que as falcatruas estão sendo reveladas diuturnamente.