quarta-feira, 27 de maio de 2015

José Maria Marin e cartolas levariam R$ 345 mi de propina por Copas Américas

Um quarto do valor acertado pelos direitos de comercialização das próximas quatro edições da Copa América foi separado para propinas para os principais dirigentes sul-americanos, entre eles o ex-presidente da CBF, e atual vice, José Maria Marin. A Conmebol cedeu à empresa Datisa, em 2013, o direito de comercializar publicidade e transmissão de TV das Copas Américas de 2015 (no Chile), 2016 (nos Estados Unidos, uma edição especial em comemoração aos 100 anos da entidade), de 2019 (que será no Brasil) e 2023 (no Equador). Para isso desembolsaria US$ 462,5 milhões (R$ 1,45 bilhão), sendo que US$ 110 milhões (R$ 345 milhões) seriam distribuídos como propina a cartolas, para que a empresa obtivesse o contrato. Segundo a investigação da Justiça norte-americana, já foram pagos de propina US$ 20 milhões, na assinatura do contrato, e outros US$ 20 milhões pela realização da Copa América deste ano, no Chile, que terá início dia 11 de junho. O valor em cada um desses pagamentos ficou dividido da seguinte forma, segundo documento divulgado pela Justiça Americana: US$ 3 milhões, cada, para o presidente da Conmebol (então o paraguaio Nicolás Leoz), para o presidente da CBF (José Maria Marin) e para o presidente da federação argentina (Júlio Grondona, que morreu em julho de 2014). Outros US$ 1,5 milhão para cada um dos demais presidentes de federações da América do Sul – sete – e mais US$ 500 mil para outros oficiais da Conmebol, não identificados. As propinas identificadas pela Justiça dos Estados Unidos para as três outras Copas Américas ainda não foram pagas, assim como os valores dos contratos assinados. 


O ex-presidente da CBF José Maria Marin, de 83 anos, e outros seis dirigentes da Fifa, foram detidos nesta quarta-feira (27) pela polícia suíça em uma operação surpresa, realizada a pedido das autoridades dos Estados Unidos. Os cartolas são investigados pela Justiça americana em um suposto esquema de corrupção. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, foram detidos, além de Marin, Jeffrey Webb, Eduardo Li, Julio Rocha, Costas Takkas, Eugenio Figueredo e Rafael Esquivel (veja abaixo o perfil dos dirigentes). Eles participariam do congresso da Fifa e da eleição da entidade, que ocorre nesta sexta-feira (29). As autoridades suíças relataram que os detidos devem ser extraditados para os Estados Unidos, onde a Procuradoria de Nova York faz a investigação. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a maior parte do esquema envolvia subornos e propinas entre dirigentes da Fifa e executivos do setor na comercialização de jogos e direitos de marketing de campeonatos como eliminatórias da Copa do Mundo na América do Norte, a Concacaf, a Copa América, a Libertadores e a Copa do Brasil –esta última, organizada pela CBF. As acusações, segundo a polícia suíça, estão relacionadas a um vasto esquema de corrupção de mais de US$ 100 milhões dentro da Fifa nos últimos 20 anos, envolvendo fraude, extorsão e lavagem de dinheiro em negócios ligados a campeonatos na América Latina e acordos de marketing e transmissão televisiva. Em nota, autoridades suíças divulgaram que contas dos acusados foram bloqueadas no país. Elas eram usadas para recebimento de subornos. Além dos detidos nesta quarta-feira, outros sete dirigentes e empresários foram acusados de corrupção no caso por lavagem de dinheiro e fraude. "Era um esquema que atuava há 24 anos para enriquecer dirigentes através da corrupção no futebol internacional", informa nota da Justiça americana. Segundo autoridades dos Estados Unidos, quatro acusados detidos confessaram culpa no caso nesta quarta-feira. Além da investigação nos Estados Unidos, as autoridades suíças recolheram nesta quarta-feira (27) documentos na sede da Fifa, em Zurique, em uma apuração relacionada à escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022. "A Fifa vai cooperar plenamente com a investigação e apoiará a busca por provas. Como observado pelas autoridades suíças, a coleta de provas está sendo realizada numa base de cooperação. Estamos satisfeitos em ver que a investigação está sendo energicamente perseguida para o bem do futebol e acredito que vai ajudar a reforçar as medidas que a Fifa já toma", informou a entidade em nota divulgada para a imprensa. Segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, 14 pessoas serão acusadas formalmente por envolvimento no caso. Além dos detidos, estão também os dirigentes Jack Warner e Nicolás Leoz, os executivos de marketing esportivo Alejandro Burzaco, Aaron Davidson, Hugo Jinkis, Mariano Jinkis, além de José Margulies, um suposto intermediário que facilitava pagamentos ilegais. Réu confesso, José Hawilla, de 71 anos, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina, que tem os direitos de transmissão, patrocínio e promoção de campeonatos de futebol e jogadores, além de empresas de comunicação no Brasil, também é citado pela Justiça americana. Segundo a nota do governo dos Estados Unidos, o executivo teria concordado com o confisco de US$ 151 milhões (R$ 473 milhões na cotação atual) de seu patrimônio – US$ 25 milhões (R$ 78 milhões) deste total já teriam sido pagos no momento da confissão.

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