terça-feira, 26 de maio de 2015

Petistas disfarçados de juristas entram com um ridículo pedido de impeachment contra Richa. Ou: Imprensa usa governador para desafogar as suas culpas por ter de dar notícias contra o PT

Vejam estas fotos. Volto em seguida.



O PT não brinca em serviço. O partido decidiu que é preciso derrubar o governador Beto Richa (PSDB-PR) custe o que custar. Se os petistas estão enrolados na Operação Lava-Jato — cujo epicentro de apuração, diga-se, é Curitiba —, cumpre, então, criar o “outro lado”, o contrapeso. Algo culpada por ser obrigada pelos fatos a sistematicamente dar notícias contra os petistas, a imprensa nacional, ora deslocada para a capital do Paraná, aproveita para operar a lógica da compensação. A notícia da hora é um ridículo pedido de impeachment contra o governador, que foi protocolado na Assembleia. Acusação: Richa teria cometido crime de responsabilidade no caso do confronto entre policiais militares e militantes sindicais, ocorrido no dia 29 de abril, que deixou dezenas de feridos. Na petição, acompanhada de oito mil assinaturas, o episódio é chamado de “massacre”. Leio aqui e ali que o dito-cujo é assinado por “juristas” e “professores universitários”. Como, senhores jornalistas? Juristas e professores universitários? Tenham paciência! Quem encabeça a iniciativa é o advogado Tarso Cabral Violin, autor de um blog que expressa, para ser ameno, ódio ao governador do Estado. Se vocês querem saber como anda a imprensa do Paraná — ou parte dela — e também a nacional, basta verificar o documento encaminhado à Assembleia, recheado de textos e imagens de jornais, sites e blogs em que a Polícia Militar e o governo do Estado são demonizados. Em sua página, Violin, digamos assim, se orgulha da capacidade que tem o grupo de ver noticiadas coisas que são do seu agrado. Outro dos signatários do pedido, apresentado apenas como “professor e advogado”, é o ex-vereador petista André Passos, que é filho do ex-deputado, também do PT, Edésio Passos, nomeado pelo governo federal diretor administrativo da Itaipu Binacional. O que parece ser apenas uma ação de cidadãos preocupados e de “juristas” é obra claramente partidária. O próprio Violin, note-se, já foi diretor jurídico da Celepar (estatal de informática do Paraná) quando o governador era Roberto Requião (PMDB). No Estado, ficou famoso o número de ações trabalhistas protocoladas contra a empresa nesse período. Curiosamente, quem costumava patrocinar as ditas-cujas, quase sempre perdidas pela Celepar, era André Passos. De adversários naquelas causas — se bem que quem acabava pagando o pato era a estatal —, Violin e Passos são parceiros agora no pedido de impeachment. Uma rápida pesquisa nas redes sociais permite que se saiba com clareza com quem estão, as, como direi?, afinidades eletivas de Violin. Vejam, lá no alto, fotos suas ao lado de Lula, Dilma e Gleisi Hoffmann. Com o crachá do PT no peito. É claro que ele tem o direito de ser petista e de votar em quem bem entender. A IMPRENSA É QUE NÃO TEM O DIREITO, A MENOS QUE QUEIRA ENGANAR O PÚBLICO, DE CHAMAR UMA ARMAÇÃO POLÍTICA DE UM PARTIDO DE PEDIDO DE IMPEACHAMENT ASSINADO POR ADVOGADOS E JURISTAS. O centro da ação contra o governador é o sindicato dos professores da rede oficial de ensino do Paraná, mero aparelho da CUT. O Estado paga um dos melhores salários do país à categoria. Nos últimos quatro anos, para uma inflação de 26%, a turma teve um reajuste de 62%. Mesmo assim, a entidade lidera uma greve desde fevereiro, opondo-se a uma mudança na aposentadoria que não acarreta prejuízo a ninguém. No dia 29 de abril, e está tudo documentado — quando se faz um levantamento isento —, vândalos tentaram desrespeitar uma ordem judicial e invadir a Assembleia Legislativa para impedir o funcionamento normal do Parlamento estadual. É coisa de fascistas. Há uma investigação em curso no Paraná. O auditor fiscal Luiz Antônio de Souza, em depoimento prestado dentro de um acordo de delação premiada, diz ter participado de um esquema de arrecadação ilegal de recursos que teriam sido repassados à campanha à reeleição de Richa. Que se investigue tudo! Mas vamos devagar! Há uma ânsia de massacre em setores da imprensa local e nacional que não tem paralelo na cobertura do petrolão, por exemplo — e olhem que são coisas brutalmente distintas. Uma das figuras ligadas ao caso dos auditores também teria relação com uma rede de prostituição de menores. E já há textos aqui e ali tratando desse outro episódio que aproveitam para citar o nome do governador. Raramente vi algo assim.
Vamos Lá:
a: acusar o governador de crime de responsabilidade na ação policial é um delírio ridículo;
b: os chamados “juristas e advogados” são, em boa parte dos casos, militantes petistas;
c: pessoas envolvidas com a campanha contra Richa se orgulham de sua capacidade de pautar a imprensa;
d: o PT aproveita a presença da imprensa nacional em Curitiba para fazer de Richa o contraponto ao noticiário negativo para o partido;
e: a greve liderada pelo sindicato no Paraná é escancaradamente política;
f: vídeos e fotos evidenciam que foram militantes, alguns deles mascarados, que optaram pela violência;
g: que se investigue a fundo, e com isenção, se houve esquema para doação irregular de campanha;
h: que se apurem eventuais excessos da polícia.
Não! Eu não endosso o uso desnecessário da força nem sou leniente com a corrupção desde ou daquele. MAS ME NEGO A SER INOCENTE ÚTIL DO PETISMO E DESAFOGAR EM RICHA AS MINHAS CULPAS POR DAR NOTÍCIAS CONTRA PETISTAS. Até porque eu não me sinto culpado por fazer o meu trabalho. Quem deve estar feliz com o comportamento de setores da imprensa, muito especialmente da do Paraná, é a senadora Gleisi Hoffmann (PT), né? No ato de crucificação de Beto Richa, sugiro que ela seja canonizada. Por Reinaldo Azevedo

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