domingo, 17 de maio de 2015

Petrobras corta 40% do investimento na área de exploração de petróleo

Forçada a reduzir em 2014 os investimentos em todos os segmentos, a Petrobras pesou a mão dos cortes na área de exploração — a primeira no ciclo de produção de petróleo, necessária para a reposição das reservas no futuro e fazer dobrar a produção de óleo até 2020, como quer a empresa. No ano passado, foram desembolsados R$ 10,4 bilhões nas atividades de pesquisa sísmica e perfuração de poços. O valor é 40% menor em relação aos R$ 17,3 bilhões aplicados no ano anterior e 13,3% abaixo dos R$ 12 bilhões aportados em tais projetos em 2012. As informações constam do relatório de administração da estatal, divulgado na semana passada. A crise financeira da empresa, provocada por endividamento e perdas com a defasagem nos preços dos combustíveis, levou a Petrobras a cortar seu investimento total em 16,6% em 2014 - de R$ 104,4 bilhões em 2013 para R$ 87,1 bilhões. Em relação a 2012, o total de investimento, no ano passado, foi quase 4% maior. O corte de recursos coincidiu com a queda na chamada taxa de sucesso exploratório, que indica o total de reservas com óleo entre todos poços perfurados. Em 2014, essa taxa foi de 70%, ante 75% no ano anterior. No pré-sal, a taxa de sucesso caiu de 100% para 87%. A taxa da Shell está em torno de 80%. A média do setor é de 40 a 50%. A Petrobras previu, em 2014, elevar sua produção de petróleo no país de 2,1 milhão de barris por dia para 4,2 milhões de barris, até 2020. Ex-diretor da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o geólogo John Forman vê riscos ao ritmo de reposição de reservas da empresa. Ele diz que, ao adquirir uma área da União para pesquisar petróleo até concluir o programa de exploração, são necessários até dez anos. "A empresa de petróleo extrai petróleo de suas reservas. Se não há exploração, não há descoberta de novas reservas para repor o óleo produzido. No longo prazo, o risco é produzir mais do que se descobre, as reservas caírem e, no extremo, termos de aumentar a importação de petróleo". O corte na exploração foi semelhante ao sofrido pela área de abastecimento - responsável pela construção de refinarias -, de 41%. Já a atividade de produção - extrair óleo dos poços para vendê-lo ou refiná-lo - teve corte de apenas 5% nos investimentos. Para o ex-presidente da Petrobras Armando Guedes, a opção da Petrobras é destinar dinheiro para tirar óleo do pré-sal já descoberto. "A empresa está optando por desenvolver e botar para produzir as reservas já descobertas. Ela não precisa mais achar óleo e incorporar tantas reservas. Ela já tem 16 bilhões de barris em reserva provadas e outros 30 bilhões a provar. Necessário é tirar o óleo do pré-sal para fazer caixa rapidamente". Forman discorda. "O custo de produzir no pré-sal caiu, mas ainda é alto e envolve riscos".

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