quinta-feira, 14 de maio de 2015

Relator de CPI critica colegas de PT por pedirem convocação de tucanos

O relator da CPI da Petrobras, deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ), criticou a iniciativa dos parlamentares da bancada do seu partido na comissão de pedirem a convocação, para depoimento, dos senadores do bloco de oposição Aécio Neves (PSDB-MG), Agripino Maia (DEM-RN) e Álvaro Dias (PSDB-PR). Anunciados na tarde desta quinta-feira (14) pela liderança do PT, os requerimentos para as convocações dos oposicionistas não haviam sido protocolados na comissão até o final da tarde. O relator disse ter tomado conhecimento dos requerimentos pelos jornalistas. Ele se disse contrário à ideia. Segundo a liderança do PT, o objetivo dos pedidos sobre Aécio Neves e Alvaro Dias é que eles expliquem o suposto pagamento de suborno de R$ 10 milhões para o ex-senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), relatado pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Sobre Agripino, os petistas querem que ele se manifeste sobre a acusação, feita por um empresário em 2012, de que ele recebeu pagamento de R$ 1 milhão em um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular no Rio Grande do Norte. Luiz Sérgio disse que não foi consultado sobre a iniciativa. "Um requerimento com esse teor, se foi apresentado, como vocês estão me relatando, entra também na classificação de requerimentos que têm o objetivo da disputa política. Então como estão apresentando requerimentos, de figuras do PT, com objetivo político, isso deve significar um trato, mas enquanto relator eu tenho a mesma interpretação. São requerimentos de disputa política que não têm a ver com o objeto da CPI", disse. A CPI se reuniu nesta quinta para avaliar cerca de 60 requerimentos previamente destacados pelo relator. Marcada por farpas e trocas de acusações entre parlamentares do PT, PSDB e PMDB, a parte deliberativa da sessão se arrastou por quatro horas, das 10 às 14 horas, sem conseguir votar outros requerimentos que estão há dias na fila, como os das convocações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e do ex-presidente Lula X9 (ele delatava companheiros para o Dops paulista, durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr, em seu livro "Assassinato de Reputações"). Há também pendente um requerimento para a quebra do sigilo telefônico do ministro da Justiça, o "porquinho" petista José Eduardo Cardozo (PT-SP). Não há prazo para a votação desses pedidos. Por volta das 14 horas, a análise dos requerimentos teve que ser interrompida porque começou, no plenário, a ordem do dia da Câmara. Na CPI, a sessão continuou com o depoimento do executivo da empresa Sete Brasil, Renato Sanches Rodrigues, que durou duas horas e pouco acrescentou à investigação. O engenheiro negou qualquer irregularidade e disse que só entrou na Sete Brasil em junho de 2014, portanto depois da deflagração da Operação Lava Jato. O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), procurou afastar as dúvidas de que o comando da CPI não quis enfrentar os requerimentos mais controversos. Ele disse que seu papel nesse ponto se resume a pautar os requerimentos para votação do plenário da comissão: "O que nós votamos hoje foram apenas requerimentos priorizados pelo relator porque teve início a ordem do dia. O PT usou o instrumento regimental, eu não tenho como não seguir o regimento da Casa". Sobre os requerimentos acerca dos líderes do PSDB, Motta disse que não cabe a ele "dar opinião se concorda ou não concorda". Indagado pela imprensa sobre o motivo pelo qual não pautou os requerimentos sobre Lula e Janot, o relator Luiz Sérgio disse que também os considera parte de uma "disputa política". "Isso é um bom exemplo de dois requerimentos apresentados para a disputa política. Como relator vou lutar para que seja centrado nos objetivos da CPI. Dos requerimentos, um chega a ser uma provocação e outro foge completamente do escopo da CPI. O que não é legítimo é a CPI distanciar de seu objetivo que é investigar a corrupção", disse Sérgio. "Tem requerimentos aprovados de empresários que nós precisamos inclusive planejar tempo para ouvi-los. Já teve vários requerimentos aprovados. Não pode ser a vontade individual de quem quer que seja. É preciso expressar a média ponderada da comissão. Mesmo o PSDB apresentou 87 requerimentos e já tiveram 45 deles aprovados. Vejo que não se justifica o esperneio", concluiu.

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