segunda-feira, 29 de junho de 2015

A questão Michel Temer 2018

Antes da delação de Ricardo Pessoa, havia uma questão essencialmente política emperrando a negociação em torno do pedido de impeachment de Dilma Rousseff. Delação feita e divulgada, a urgência para o desenlace aumentou, e a tendência é que recrudesça, mas a questão permanece. O nome dela é 2018. O Antagonista apurou que o vice-presidente Michel Temer vinha conversando discretamente com políticos de (quase) todos os partidos, banqueiros e empresários. A sua pergunta básica era a seguinte: "No caso de Dilma ser saída com a minha ajuda, vocês garantirão apoio ao meu governo?" Entre banqueiros e empresários, a resposta foi "sim". Já entre os políticos, inclusive do seu partido, a resposta foi que o apoio estaria condicionado à promessa de que ele não se candidataria em 2018. Assumindo em razão de impeachment da presidente, não há obstáculo constitucional para que Michel Temer almeje a Presidência nas próximas eleições. Como é fato que, uma vez que Dilma Rousseff caia fora, a economia recobrará fôlego, ele seria um nome fortíssimo. Poderia vender-se como o homem que recolocou o Brasil nos trilhos. No seu partido, Renan Calheiros não quer Michel Temer, porque suas diferenças com ele são históricas. Eduardo Cunha, por sua vez, acha que tem chance de ser o nome do PMDB para o Planalto, apesar de estar envolvido na Lava Jato. Para ele, o ideal seria manter Dilma em fritura permanente. Em território tucano, Aécio Neves e Geraldo Alckmin, em luta aberta pela candidatura do PSDB, temem que Michel Temer largue com muita vantagem no páreo. Até a semana passada, o vice-presidente havia interrompido as conversas com esses figurões. Elas foram retomadas por força das circunstâncias. Mas a pressão para que ele renuncie à possibilidade de se candidatar em 2018 ainda representa uma dificuldade, visto que Michel Temer não quer abrir mão do seu direito. Nossos políticos são grandiosos. Todos colocam o Brasil em primeiro lugar. (O Antagonista)

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