quinta-feira, 11 de junho de 2015

Cerveró recebeu propina no Panamá e Belize, diz Suíça


A Procuradoria Pública Suíça concluiu haver indícios de que o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, recebeu propina e lavou dinheiro por meio de duas empresas offshore: a Russel Advisors AS e a Forbal Investment Inc, localizadas no Paraná e em Belize. As conclusões do Ministério Público suíço foram encaminhadas ao Brasil com pedido para que o caso continue a ser investigado. Cerveró já foi condenado a cinco anos de prisão pelo juiz Sergio Moro por lavagem de dinheiro por ter utilizado dinheiro de propina para comprar um apartamento de luxo no Rio de Janeiro. No novo caso envolvendo o ex-dirigente, as investigações das autoridades suíças levam em consideração as declarações do executivo Julio Camargo, que em acordo de delação premiada disse ter recebido 40 milhões de dólares em propina da Samsung Heavy Industries para que a empresa sul-coreana conseguisse contratos de navios-sonda com a Petrobras. Parte dos recursos acabou repassada a uma conta da offshore Three Lions Energy Inc., no banco Credit Suisse. A Three Lions tem como beneficiário econômico o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como o operador do PMDB no escândalo do Petrolão do PT. Seguindo o rastro do dinheiro, os investigadores conseguiram mapear um pagamento de 75.000 dólares da Three Lions para a offshore panamenha Russel Advisors SA, que tem Nestor Cerveró como beneficiário. "Os depoimentos de Camargo segundo a sua acusação de 14 de dezembro de 2014, que incriminam Cerveró e são imputados a ele, podem ser corroborados pelos documentos levantados na Suíça, ao menos em relação ao valor de US$ 75.000,00. Portanto, também na presente investigação existe a forte suspeita, que Cerveró, através do recebimento de um pagamento no valor de US$ 75.000,00 no dia 17/09/2008, esteja culpado da corrupção passiva", diz a Procuradoria. O Ministério Público do país europeu também mapeou indicativos suspeitos de que Nestor Cerveró manteve movimentação bancária incompatível no Banque Heritage em nome da empresa offshore Forbal Investment Inc., de Belize. Entre maio de 2009 e março de 2014, Cerveró recebeu cerca de 675.000 dólares na conta, incluindo o depósito de aproximadamente 300.000 dólares de Alexandre Amaral de Moura, proprietário da Comtex Industria & Comércio. A Contex é interpretada pelos investigadores como uma potencial fornecedora da Petrobras por fabricar sistemas de vigilância. "A transferência de De Moura para Cerveró no valor de US$ 300.000,00 deve ser qualificada como possível pagamento de suborno", afirma a investigação. Para reforçar os indícios de que o ex-diretor praticou o crime de lavagem de dinheiro, a Procuradoria rastreou documentos bancários de De Moura e encontrou o repasse de 340.000 dólares para uma empresa que tinha como beneficiário o também ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, réu confesso no escândalo do Petrolão do PT. "Em relação aos pagamentos efetuados para Cerveró, respectivamente, para a Forbal Investment Inc., de propriedade dele, também há a suspeita de que se tratava de pagamentos de suborno", diz o promotor federal Stefan Lenz. Apesar de ter conseguido rastrear o caminho do dinheiro, a Procuradoria diz que é possível que Nestor Cerveró tenha retirado o dinheiro das offshores e transferido para Londres em uma operação de lavagem de capitais.

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