segunda-feira, 8 de junho de 2015

O BNDES no Peru. US$ 1,2 bilhão a mais por uma estrada e os capilés da Camargo Corrêa

Não importa a latitude, o método é igual. O BRIO apurou que, em 2005, a construção da estrada Interoceânica Sul, no Peru, foi estimada em cerca de 800 milhões de dólares. Três anos depois, o valor aumentou para 1,3 bilhão de dólares e, em março de 2015, atingiu 2,2 bilhões de dólares. O orçamento da obra financiada em boa parte pelo BNDES triplicou com as mudanças reiteradas dos contratos. Ao todo, foram 22 aditivos. Empreiteiras brasileiras venceram as licitações para fazer as obras de três seções da estrada. A Odebrecht, que forma consórcio com as peruanas Graña y Montero y JJ Camet e Ingenieros Civiles y Contratistas, ficou com dois trechos e a Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, do consórcio Intersur, ficaram com um. Os saltos mais altos ocorreram - surpresa, surpresa - nos trechos construídos pelas empreiteiras envolvidas na Lava Jato, financiadas pelo BNDES. Na seção 2, do consórcio liderado pela Odebrecht, o custo aumentou 207%, de 213 milhões de dólares para 612 milhões de dólares. Na seção 3, também a cargo da Odebrecht, o custo inchou em 105%, saindo de 294 milhões de dólares para 602 milhões de dólares. No trecho 4, liderado por Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão, o aumento foi de 237% - de 198 milhões de dólares para 667 milhões de dólares. O BRIO trará vários documentos sobre essa canalhice. Durante a Operação Castelo de Areia, por exemplo, a Polícia Federal apreendeu na Camargo Corrêa documentos relativos à construção da Interoceânica. Um deles era uma planilha com o título "Previsão de Capilés Tramo IV - Interoceânica". Segundo os policiais, o total de "capilés" pagos pela Camargo Corrêa no Peru (com dinheiro do BNDES, acrescentamos nós) seria de mais de 6 milhões de dólares. 

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